Será que vale tudo na política? Vencer a qualquer preço? Romper laços de amizade, trair a confiança dos aliados, destruir parcerias construídas ao longo do tempo? Os fins justificam todos os meios?
Penso que não. O sabor de uma vitória a qualquer preço sai caro demais — tem gosto de derrota — e, pior, deixa marcas que não se apagam. Quebrar a confiança é como quebrar um cristal. Por mais que se juntem os cacos, a cola sempre deixa cicatrizes visíveis.
O problema não é apenas a ruptura entre duas lideranças locais. É o recado que se transmite: que trair é parte do jogo, que enganar aliados virou estratégia aceitável. Quando isso se banaliza, o maior prejudicado não é a prefeita ou a vice — é a própria confiança do povo na política.
O trágico é que quem planeja a traição não percebe que está sendo observado pelos próprios aliados. E estes, inevitavelmente, se perguntam: “E se fosse comigo?” É nesse momento que a semente da dúvida, da desconfiança e do temor começa a germinar. A erosão é inevitável na sua base.
E, quando a traição é descoberta com antecedência, consegue ser trágica e patética, revelando incompetência tanto para fazer o certo quanto o errado. Se ficar comprovado que Kátia Pires realmente articulava o impeachment da prefeita Nilda Cruz, teremos mais um retrato de como a política baixou de nível.
E, sinceramente, a defesa de Kátia não convenceu. Foi protocolar, fria, sem substância. Uma fala que não transmitiu credibilidade — no momento em que mais precisava inspirar confiança… não conseguiu.
Comentários (0)