Themis, a deusa da Justiça, sempre foi representada segurando uma balança e uma espada. A balança simboliza o equilíbrio, a capacidade de pesar argumentos com isenção, distribuindo o direito conforme a medida de cada caso. A espada, por sua vez, representa a aplicação da lei—firme, necessária, mas controlada pela razão.
— Mas por que a Themis do STF não tem a balança? Somente a espada!
Se a Justiça que ali está representada nunca segurou a balança, será que, em sua outra mão, ela teria erguido uma lança? Uma arma de longo alcance, feita para atingir alvos distantes? Teria a Justiça ido longe demais?
A invasão ao Congresso e ao STF no dia 8 de janeiro foi um ataque grave às instituições democráticas. O Estado tem o dever de punir os responsáveis, porque, sem consequência, a democracia se enfraquece — Mas Justiça não é vingança. A condenação de 14 anos por uma pichação levanta um questionamento inevitável: estamos diante de uma aplicação justa da lei ou de um exemplo extremo para intimidar?
Se pichar uma estátua resulta em uma sentença comparável à de crimes hediondos, o que deveria acontecer com quem rouba bilhões dos cofres públicos? A Justiça não pode ser medida pelo impacto simbólico de uma decisão, mas pelo equilíbrio entre o ato e sua consequência. Quando esse equilíbrio se rompe, a toga se confunde com armadura, e o tribunal pode se converter, de fato, em uma arena.
— Tirou a venda e revelou uma visão míope?
A venda que cobria seus olhos nunca foi um sinal de cegueira, mas de imparcialidade. Ela não deveria enxergar rostos ou circunstâncias políticas — deveria apenas pesar atos e consequências. Mas a Themis que se apresenta hoje parece enxergar com nitidez apenas quem está perto e com distorções quem está mais distante.
Confiamos na Justiça, não porque seja perfeita, mas porque acreditamos que ela pode e deve se corrigir. A grandeza da Justiça não está na infalibilidade, mas na capacidade de reconhecer excessos e retomar o equilíbrio. Que Themis, mesmo sem ser infalível, reencontre sua balança, reajuste sua venda e prove que ainda é merecedora da nossa confiança.
— Porque quando a Justiça erra, ela não condena apenas um réu — ela condena a si mesma.
Comentários (10)
10 respostas para “Themis do STF: A Deusa da Justiça ou Gladiadora? Por Aragão.”
O STF têm partido político,uma suprema corte era pra ser composta por juízes de carreira aprovado em concurso público,advogados de meia pataca indicado por políticos num país onde a corrupção não têm limites,tá tudo errado.
O STF estar desacreditado uma vergonha para nosso país, antes do julgamento já sabemos as decisões e sentenças.
Genial..perfeito…sensacional!
A arma mais perigosa do Brasil é um batom que dá 14 anos de prisão.
Na verdade, os cargos do STF e do STJ teriam que ser ocupados através de concursos públicos como as demais instituições públicas E não por indicação presidencial. Porque assim sendo por indicação política vamos continuar com a (in)justiça onde só se mudam as moscas para o mesmo lixo.
Qual justiça?
Parcialidade escancarada, desrespeito ao devido processo legal e à individualização da conduta, anomalia na identificação do crime e por aí vai.
O país de joelhos e coagido pelo alexandrismo.
Excelente artigo. Você sabe como prender um leitor. Parabéns
Explicou com clareza o que está acontecendo.
Sintetizou o pensamento de todos. Excelente
👏👏👏👏👏