Às vezes, se perde uma eleição por falta de candidato. Nesta próxima, podemos perder pelo excesso. Poderíamos dizer que isso é um aperreio bom. Mas, diante da ausência de perspectiva de entendimento, é melhor reforçar o alerta desde já — enquanto ainda é tempo.
Três nomes fortes não parecem abrir mão da candidatura, mas, agindo assim, podem abrir mão da vitória.
A direita do Rio Grande do Norte talvez seja a força política mais popular do estado, pois vem surfando a onda de insatisfação com os governos federal e estadual. Uma maré de oportunidades se forma devido ao fracasso econômico e institucional que o país enfrenta. Tem votos, tem nomes, tem narrativa — e, se quiser, pode ter o governo.
— Um tsunami de vaidades.
Rogério Marinho, com sua musculatura nacional e comando da máquina bolsonarista no estado, já se movimenta. Não abre mão. Allyson Bezerra, jovem, popular em Mossoró, com sede de protagonismo, também não. Álvaro Dias, com base consolidada em Natal e apelo de gestor, tampouco dá sinais de que cederá.
Essa onda de oportunidade pode se transformar num caldo — e a ressaca será enorme.
Pelo outro lado, tudo indica que teremos Walter Alves, que se prepara para nadar contra a correnteza. Mas ele é esperto, tem experiência, a caneta e o consenso.
Ele é o centro, mas leva a união da esquerda e, dependendo do posicionamento, pode ampliar a base do centro que repudia a hiperpolarização. Por enquanto, procura não errar — e assiste à direita se dividir.
O tempo passa, e essa demora pode enfraquecer as relações e tornar um alinhamento natural cada vez mais difícil. O eleitor já enfrenta problemas demais para se preocupar com disputa interna pelo poder.
Se política é construir pontes, criar consenso, é hora de a direita mostrar que a proposta do bloco é maior que a ambição pessoal.
É aí que pode nascer a força dessa desunião — que, com a união, poderá ser imbatível.
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