Papa Francisco — A morte de quem deu vida à igreja. Por Aragão.

Francisco não foi o papa dos palácios. Foi o papa das ruas.
Não liderou com cetro, mas com silêncio. Não exigiu reverência — preferiu o abraço.
Sua morte aos 88 anos encerra uma era de gestos.
Eram eles — os gestos — que tornavam sua fé tão eloquente.
Em 2019, ajoelhou-se e beijou os pés de líderes inimigos do Sudão do Sul, implorando por paz.
Na Ceia do Senhor, quebrou protocolos: lavou os pés de presidiários, mulheres, muçulmanos, imigrantes e doentes.
Trocou o trono dourado por uma cadeira simples. A pompa pela presença. O dogma pela escuta.
Escolhia palavras simples para tocar verdades profundas.
“Quem sou eu para julgar?”, disse, diante da questão LGBT.
“A realidade é mais importante que a ideia”, insistia — como quem sabia que Jesus não veio fundar um clube de teólogos, mas viver entre os homens.
E ainda assim — ou por isso — dividia opiniões.
Chamaram-no de populista, de progressista, de ingênuo.
Mas ele seguia, firme, como quem sabia que agradar a todos nunca foi parte do Evangelho.
Doente, frágil, às vezes visivelmente cansado, Francisco nunca deixou de aparecer.
Mesmo com dores, mesmo com máscara de oxigênio, ele abençoava.
Porque entendia que presença é ministério. E presença, no fim, é o que mais falta ao mundo.
— Seu corpo falhou — mas sua mensagem permanece de pé.
Ele enfrentou sua doença como enfrentava as dores da Igreja: sem disfarce.
Não escondeu escândalos, não varreu o passado sob os tapetes da liturgia.
Pediu perdão. Pôs o dedo nas feridas. E por isso, também incomodou.
Francisco era a prova viva de que fé e lucidez podem andar juntas.
De que é possível seguir Jesus sem perder a coragem de enxergar o mundo.
E que o Evangelho não é só para repetir. É para viver.
Agora, a Cúria silencia. A fumaça branca virá em breve, como sempre.
Mas dificilmente carregará o mesmo peso simbólico que trouxe aquele argentino em 2013 —
o primeiro latino-americano, o primeiro jesuíta, o homem que se ajoelhou diante dos pobres e não se levantou mais.
Hoje, a fé se ajoelha em luto.
Mas amanhã… talvez comece a caminhar de novo.
Com a lembrança de que há líderes que não precisam levantar a voz —
porque sua vida inteira já era um lindo sermão.
Foto: vaticano
Comentários (6)
Não gosto muito de opinar sobre religião até porquê tenho pouco conhecimento,mais sempre via ele com umas atitudes muito estranhas e ligados mais ao socialismo defendendo causas ante familiar
Sua simplicidade foi marcante!
Receio não agradar, mas discordo completamente da visão mostrada… Tendo acompanhado com interesse e muitas vezes presentemente determinadas “investidas” travestidas de “união” e “caridade”, inicialmente por toda a Europa, com o óbvio suporte ao globalismo, expansão islâmica e dissolução católica, depois expandindo esse esforço por todo o mundo ocidental, com as trágicas consequências tão facilmente vivenciadas nestes dias, não há como o considerar um apóstolo da Igreja! Ao contrário. Sua sucessão deve trazer algo ainda pior, caso sigam sua indicação e um certo “californiano” seja ungido “papa”! Oremos pela igreja… quanto ao futuro dessa criatura, que seja conforme suas escolhas!
Uma triste perda de um ser humano exemplo de amor e humildade.
Que Deus o receba em seu reino espiritual e escolha um bom sucessor para sua igreja 🙏🙏🙏🙏🙏🙏
A autoridade intrínseca ao Papa foi por ele mal utilizada, quando deixou de corrigir as investidas capitaneadas por pessoas do mal. Ao contrário, às recebeu em seu recanto papal, exaltando-as de forma absurda, de certo modo homologando suas condutas nefastas. Desculpa, mas ele não representou com precisão a Igreja Católica como se esperava.