O Brasil vive um paradoxo. Enquanto o mercado de trabalho em diversas áreas sofre com a falta de profissionais qualificados, os melhores talentos acadêmicos continuam a se concentrar em um único campo: a medicina. Não se trata apenas de vocação, mas de uma escolha racional baseada em um cenário econômico desolador. Em um país marcado pela estagnação econômica, altos índices de desemprego e a precarização de diversas profissões, a medicina surge como uma das poucas áreas que ainda oferece segurança financeira e prestígio social. Mas que tipo de sociedade estamos construindo ao canalizar quase todos os esforços para uma única profissão?
A engenharia é um exemplo claro de como o Brasil tem desperdiçado talentos. Dados recentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o Brasil tem um déficit de 75 mil engenheiros. Se investíssemos mais na indústria, entre tantas outras áreas, absorveríamos mais talentos. Afinal, uma indústria forte demanda mão de obra especializada, desde técnicos até engenheiros, cientistas e gestores.
— Brasil: Um país doente
O impacto dessa concentração de talentos na medicina vai além do mercado de trabalho. Ele afeta diretamente o desenvolvimento social e econômico do país. Quem vai desenvolver novas tecnologias? Quem vai educar as próximas gerações? Quem vai projetar as infraestruturas que sustentam uma nação?
Enquanto os melhores cérebros são direcionados para a medicina, a sociedade sofre com a ausência de talentos em áreas fundamentais. Isso cria um círculo vicioso: o Brasil continua dependente da importação de tecnologia e de soluções externas, enquanto suas próprias capacidades internas permanecem subutilizadas.
É evidente que o Brasil precisa de mais médicos, mas também é urgente que o país invista em engenheiros, professores, cientistas e tantos outros profissionais que sustentam o progresso de uma sociedade. A concentração de talentos em uma única área é o reflexo de um governo que não oferece alternativas e de uma economia que não inspira confiança.
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