No Brasil de 2025, desejar “feliz Dia do Trabalho” soa quase como provocação. Não por falta de vontade de trabalhar, mas por falta de dignidade no exercício do trabalho. Mais de 39 milhões vivem na informalidade, a CLT virou privilégio, e o chamado “empreendedorismo” virou, muitas vezes, o único jeito de sobreviver — sem direitos, sem garantias, sem segurança.
Ao mesmo tempo, vivemos o paradoxo de sermos um dos campeões mundiais em ações na Justiça do Trabalho. Um sistema que, em vez de garantir segurança jurídica, criou um ambiente de medo para quem emprega.
O excesso de regras, a instabilidade nas interpretações e a cultura do litígio tornaram a contratação formal um risco real — mesmo para quem cumpre a lei.
Essa lógica de risco constante, somada aos altos encargos trabalhistas, se transformou em um dos principais freios à contratação formal no país. O efeito colateral atinge também o trabalhador. Porque onde há medo de contratar, há menos vagas.
Empresários, especialmente os pequenos, se veem encurralados entre a vontade de crescer e o receio de transformar um emprego em uma dor de cabeça jurídica futura.
Como se não bastasse, há uma distorção silenciosa nos índices de desemprego. O Brasil só considera desempregado quem está, de fato, procurando emprego. Ficam de fora os desalentados — aqueles que já desistiram de procurar —, e também os que optaram por não voltar ao mercado de trabalho por estarem recebendo o Bolsa Família.
Não se trata de demonizar o programa — ele cumpre um papel essencial como proteção social. O problema é quando, por falta de critérios bem definidos e fiscalização, ele começa a “aposentar” pessoas em plena capacidade de trabalhar.
Isso não apenas desestimula o esforço e a autonomia, como dificulta encontrar mão de obra até para atividades básicas — num país com milhões de pessoas teoricamente disponíveis.
Quem trabalha é esmagado por impostos, quem emprega é sufocado por insegurança jurídica e encargos, e quem não trabalha, em alguns casos, é mantido por um sistema que pode premiar o ócio.
— Para fazermos o Brasil um país menos hostil para empregado e empregador, ainda temos muito trabalho pela frente.
Foto: freepik
Comentários (6)
6 respostas para “Feliz Dia do Trabalho? Por Aragão.”
Esse governo não quer que nenhuma pessoa empreenda e que fique refem do estado isso sim.
A reforma trabalhista , o ônus da sucumbência a quem litiga indevidamente e livre negociação entre empregado e empregador são caminhos para melhorar a situação atual… Mas, ela retira a dependência e isso as vezes “desagrada”!
Exatamente assim!
👏👏👏👏👏👏
É muito difícil e arriscado ser empreendedor no Brasil
Perfeito amigo.