Enquanto todos os olhos se voltam para o Whatsapp, é preciso dizer o que poucos têm coragem de lembrar: Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, 90% dos abusos sexuais contra crianças e adolescentes são cometidos por pessoas conhecidas da vítima. E 80% acontecem dentro de casa. A comoção com o WhatsApp é legítima, é real. Mas não pode esconder uma verdade incômoda.
O agressor, muitas vezes, é o parente. É o tio. É o amigo dos pais. É o “tio” da família. O irmão mais velho. É alguém que leva no colégio, que abraça no Natal, que está na foto do churrasco. Gente que tem acesso, afeto e silêncio. Lembremos o caso do médico pediatra Fernando Cunha Lima, de 81 anos, acusado de abusar sexualmente de crianças que eram pacientes, inclusive sua sobrinha.
— É preciso dizer que a grande maioria das pessoas são de bem e jamais abusariam de crianças — mas isso não significa que você não deve ficar alerta pois somente sua vigilância pode proteger seus filhos.
Por isso, não basta bloquear conteúdos no celular. Não adianta somente restringir horário de tela, instalar aplicativo de proteção ou desligar o Wi-Fi da madrugada se, ao mesmo tempo, você não enxerga os ambientes que seu filho ou filha circula.
Não é para negligenciar o WhatsApp e as redes sociais. Mas é para lembrar onde está o foco mais urgente — Na infância. Na escuta. Na coragem de ver o que ninguém quer ver.
É hora de agir.
Pais: conversem com seus filhos. Perguntem sem medo. Observem mudanças de comportamento. Verifiquem os grupos de WhatsApp, as mensagens diretas, os seguidores nas redes sociais. Usem ferramentas de controle. Mas, acima de tudo, estejam presentes. Não como vigilantes — mas como porto seguro.
Escolas: ensinem proteção digital. Estimulem denúncias. Criem canais de acolhimento. Façam da educação uma trincheira também contra o abuso.
Sociedade: parem de tratar abuso infantil como tabu. Parem de silenciar vítimas. Parem de culpar a roupa, a criança, o ambiente. O culpado é sempre o agressor.
Denúncias podem ser feitas de forma anônima: Disque Direitos Humanos – Disque 100 ou Polícia 190.
A verdadeira proteção começa onde termina o nosso silêncio.
Comentários (2)
2 respostas para “WhatsApp? 80% dos abusos sexuais acontecem dentro de casa. Por Aragão.”
Mais que oportuno, necessário abordar este tema! Bom dia!!
👏👏👏👏👏