O veto da governadora ao projeto que endurecia penalidades contra invasões de propriedades ocorreu poucos dias após uma foto que evidenciava uma aproximação entre Alysson Bezerra, prefeito reeleito de Mossoró, e o governo estadual. Seria esse um teste para medir sua fidelidade, mas com um objetivo oculto de minar sua identidade política? Se Alysson aceita passivamente, perde credibilidade com seus eleitores. Se se opõe, rompe com a esquerda. Se tenta ficar em cima do muro, pode acabar isolado. Afinal, até onde é possível se equilibrar em cima do muro?
— Nem lá, nem lô!
Seu silêncio pode ser interpretado como conivência, enquanto uma crítica pode afastá-lo prematuramente de uma possível nova aliança. E sobre a descriminalização do pequeno furto? Como Alysson responderá a essa pauta? Quanto tempo pode se manter nessa posição ambígua antes que ambos os lados o rejeitem?
Mudar faz parte da política, mas há valores inegociáveis. São eles que formam a base de qualquer liderança autêntica. Existe a necessidade de se manter a identidade politica — preservar a confiança nas palavras. O desejo de disputar o governo do estado claro que é legítimo, mas precisa ser agora?
Se já é difícil convencer torcedores quando um jogador muda de time repentinamente, imagine justificar esse movimento a uma sociedade hiperpolarizada e, muitas vezes, intolerante como a do RN. A política é um jogo de xadrez: é preciso escolher as peças com as quais se joga.
— O homem é bom, mas essa jogada nem tanto.
Alysson Bezerra, sempre se destacou por seu discurso independente e pela gestão focada na eficiência administrativa mas está num xadrez que não precisava. Alguns podem pensar que tudo não passa de um blefe, uma tentativa de pressionar a direita a aceitá-lo como candidato ao governo. No entanto, essa hipótese parece improvável. O desgaste com a direita já é percebido e pode ser irreversível. Esse é, sem dúvida, um jogo arriscado.
Mas será que o PT realmente dará a Alysson esse espaço nobre? Será que um partido historicamente fechado aos outsiders abriria caminho para alguém que não tem raízes na esquerda? Ou tudo não passa de uma jogada para desestabilizar a direita? Vale lembrar que essa candidatura já havia sido prometida a Walter Alves…
Quando a direita romper definitivamente com Alysson, não será esse o momento ideal para a esquerda escanteá-lo? Se ele não agir com precisão, corre o risco de não ser peça-chave de nenhum tabuleiro. O tempo dirá se essa movimentação foi uma jogada estratégica ou um lance precipitado rumo ao isolamento político.
Foto: Reprodução
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