Caríssima Fabiana,
Confesso que levei um choque quando soube que entre 10 mil e 15 mil beneficiados pela geração de energia solar tiveram suas contas de energia não compensadas e ficaram no prejuízo. Isto é, nesse mês, a Neoenergia Cosern cobrou de todos a conta cheia, sem compensação — como se não houvesse geração alguma nas respectivas usinas solares.
— Essas pessoas estão vivendo em alta tensão pelo prejuízo. Tensão que estressa demais, pois nos atendimentos da Neoenergia há uns postes que nada resolvem.
Nem sabia que havia tanto potiguar entre geradores e beneficiados, mas os dados são da APER (Associação Potiguar de Energia Renovável). — É muita gente mesmo, eis o motivo da carta: precisamos de uma luz.
Para uma gigante como a Cosern, que lucrou R$ 404,3 milhões em 2024, pode não fazer tanta falta, mas para esses 10 mil a 15 mil beneficiados que moram em um estado pobre como o RN, certamente faz.
O argumento da Neoenergia é que a leitura dos imóveis beneficiados foi feita antes da leitura da respectiva unidade geradora (imóvel onde estão as placas solares), não sendo possível compensar o crédito porque não foi lido a tempo. — Esse fato explica, mas não convence. Simplesmente porque a Cosern nunca erra ou argumenta para o consumidor pagar menos, Fabiana.
Sempre o impacto que temos em nossas contas é para pagar mais, seja por um motivo, seja por outro. Seja uma tarifa nova, uma bandeira, um fio B, entre outros.
— O monopólio no RN é uma linha de transmissão exclusiva para o lucro.
Ter um mercado inteiro na mão é uma benesse incomparável. E a Neoenergia Cosern está pleiteando a renovação da concessão na distribuição de energia elétrica no RN por mais 30 anos. Eu sei, você sabe e o mundo inteiro sabe que concorrência melhora o serviço e reduz o preço. O varejo da energia elétrica na Espanha não é monopólio — os espanhóis são realmente espertos.
Bem, termino esta pequena carta desejando boas energias para a senhora e, se não for pedir muito, solicito uma luz para nossos mais de 10 mil potiguares.
— Feliz Natal e um 2026 iluminado para todos nós.
Foto: Ulisses Dumas.
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