“O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”, assim disse John Emerich Acton.
Sentimos nossa República se esvair pouco a pouco, primeiro pelos desatinos da classe política e, nos últimos anos, pela falta de equilíbrio entre os Poderes, sobretudo pelo protagonismo exacerbado da nossa corte suprema.
Um nome vem se destacando pela ousadia de impor a força da lei de forma imperiosa: o ministro Alexandre de Moraes. Se uma questão chamava sua atenção, concedia 48 horas para explicações. Sentenças duras, com penas altíssimas, como na dosimetria aplicada aos presos do 8 de janeiro.
O xadrez é fazer a autorregulação. É muito difícil controlar o ímpeto e frear impulsos autoritários quando se acredita que a própria caneta tudo pode. Por isso, a regulação deve vir dos outros Poderes — eis o sistema de pesos e contrapesos que esperamos ver funcionar na prática.
— O mundo tem olhado com espanto para a nossa corte.
Em artigo de opinião publicado no Wall Street Journal, a colunista Mary Anastasia O’Grady criticou a atuação do STF brasileiro, argumentando que, com o protagonismo crescente do ministro Alexandre de Moraes, o tribunal tem ampliado sua intervenção no debate público a ponto de intimidar vozes críticas e assumir papéis que extrapolam suas funções tradicionais — criando um ambiente em que a expressão de opiniões contrárias se torna arriscada.
— Xeque-mate no rei.
Malu Gaspar é hoje um dos nomes mais relevantes do jornalismo brasileiro. Eis a importância da livre imprensa. Foi ela quem revelou a série de reportagens que tornaram públicas informações como o contrato de R$ 129 milhões da esposa de Alexandre de Moraes com o Banco Master.
— Deus salve a rainha.
Numa República democrática, a Constituição é a rainha. Soberana, deve fazer prevalecer o princípio de que todos somos iguais perante a lei. Não existe sangue azul. Se pichar a estátua da Justiça resultou em 14 anos de prisão, imagine implodi-la, simbolicamente, com ações pouco republicanas.
— O bobo da corte é o povo, que aguarda a solução desse xadrez enquanto financia todas as peças do tabuleiro.
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