Não falta mais nada. Estacionei o carro para almoçar, jogo rápido, no bairro de Petrópolis e, quando retorno, sou abordado. O flanelinha — que antes chegava manso pedindo para dar uma olhadinha e, depois, uma ajuda — agora tinha ares de credor. Com uma maquineta na mão, foi logo dizendo que eram 20 reais.
— Mas, omi, mais caro que o shopping? — Perguntei sorrindo.
— Tenho que comprar o feijão — respondeu ele.
Sempre ajudo, não me incomodo em contribuir, mas vi que o flanelinha 3.0 tem Pix, smartphone e dá pressão. Chegou a ser engraçado:
— Vou bater uma foto do seu QR Code e, quando chegar em casa, faço o Pix — avisei bem-humorado.
— Mas vai depositar quanto? — Ele tinha uma caderneta.
— Não sei. Vou resolver. — Disse mais contido para que ele entendesse o excesso.
— Me diga qual o nome vai aparecer no Pix para saber que foi o senhor. — Ele não estava para brincadeira. Tinha talento. Se for recrutado por algum agiota, fará sucesso. Ainda assim, respondi e fui embora.
Uma pena que nosso governo não ofereça educação, perspectivas e que a economia não possa fazer muito por ele. Por isso mesmo, nunca me neguei a ajudar. Mas fico pensando: como seria essa abordagem com uma mulher ou uma senhora idosa? Certamente se sentiriam intimidadas.
E o flanelinha 4.0? Vai adesivar meu carro sinalizando que tem uma gorjeta em aberto? Enviar um motoqueiro me acompanhando até quitar a dívida? Mandar mensagens de WhatsApp cobrando a pendência?
Brincadeiras à parte, o intuito deste texto é só para relaxarmos com mais um causo das ruas de Natal. — Mas fiquei pensando… onde vamos parar?
                        
                                
                                
                                
                                
                                
Comentários (1)
Uma resposta para “O Flanelinha Pix. Por Aragão.”
Até parece um “causo”.