A série britânica Adolescência, recém-lançada na Netflix, não é apenas uma produção impactante — é um soco no estômago. Em quatro episódios intensos, ela faz o que muitos pais, escolas e plataformas digitais têm falhado em fazer: mostrar a dor crua e silenciosa da juventude.
Jamie poderia ser brasileiro. Já tivemos nossos “Jamies” — meninos em silêncio, mergulhados em dor, empurrados para o fundo do poço sem que ninguém percebesse. A diferença? Aqui não virou roteiro.
O que assusta não é apenas o crime cometido. É tudo que veio antes.
É o menino que nunca aprendeu a lidar com frustração.
É o jovem que se isolou no quarto e encontrou companhia em fóruns que espalham ódio.
É o bullying que a escola não percebeu — ou fingiu não ver.
É o vício nas redes sociais, onde a vida parece um jogo de curtidas, comparações e filtros.
E, acima de tudo, é o silêncio. O silêncio dos pais, das escolas, da sociedade.
Aquele silêncio que disfarçamos com frases vazias como:
“Todo adolescente é assim.”
“É só uma fase.”
Mas a adolescência de hoje não é como a de ontem.
Eles não brincam mais na rua. Eles não se perdem mais no shopping.
Eles se perdem dentro do próprio quarto, diante de uma tela que nunca os abraça, mas que os prende.
Sozinhos, mas conectados — com o pior lado da internet.
Quantos pais sabem em que universo digital seus filhos estão imersos?
Quantos educadores sabem que tipo de conteúdo seus alunos consomem na madrugada?
Quantos de nós já percebeu que o adolescente calado da sala do lado pode estar gritando por dentro — e ninguém ouve?
A série é só um roteiro. Mas o enredo é real.
Talvez mais real do que gostaríamos de admitir.
Porque todos os sinais estavam lá. Mas ninguém quis ver.
Ou não teve tempo. Ou não teve preparo.
Ou acreditou na falácia mais perigosa da vida moderna: “meu filho está bem, sim. Ele não dá trabalho.”
É preciso abrir os olhos.
A dor dos jovens de hoje é profunda, silenciosa e altamente compartilhável.
Mas raramente escutada.
— E se o próximo adolescente perdido não for um personagem da Netflix, mas alguém da sua família?
Foto: Netflix/Divulgação.
Comentários (11)
11 respostas para ““Adolescência” não é uma série para entretenimento. É um alerta. Por Aragão.”
Parabéns e excelente reflexão.
Excelente 👏🏻👏🏻
Vc como sempre se superando👏👏👏vou procurar ver essa série
Mais cruel vdd!
Já queria assistir, mas agora virou meta. Excelente análise.
A preocupação com”a geração do quarto” só aumenta. E os diagnósticos de transtornos mentais e emocionais também.
Parabéns, excelente análise. Bom dia!
👏👏👏👏👏👏
Espetacular
Análise perfeita, Marcus. Assisti há 1 semana e não paro de pensar no que deixei passar e até hoje não sei….
Parabéns grande reflexão