Arquivo de Geral - Página 5 de 15 - Blog do Aragão Arquivo de Geral - Página 5 de 15 - Blog do Aragão

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O Bingo, a Porrinha e o Beijo no C*. Por Aragão.

Antes da porrinha, vamos falar do bingo. O penúltimo presidente dos EUA, o Biden, provavelmente já está no bingo. Aliás, ele deveria ter ido marcar suas cartelas antes mesmo de entrar na Casa Branca — não tinha a menor condição de ser presidente da América. Imagino-o gritando “bingo” aleatoriamente e rindo com os amigos — “Não foi dessa vez!”. De vez em quando, levantaria as sobrancelhas com um ar de espanto feliz. Colocá-lo na presidência foi uma temeridade.

Por outro lado, Trump parece estar jogando porrinha com o mundo. A imagem que se forma é que está meio bêbado, com um palito no canto da boca, blefando com o punho fechado. Um caju mutilado balança no pires branco no Salão Oval, enquanto uma lapada de cana translúcida aguarda resignada.

Trump blefa, grita e diz que os outros jogadores querem beijar seu c*. Isso não é metáfora — ele falou mesmo. E quando todos estão espantados, ele dobra as apostas. Só que o que está em jogo é a estabilidade do mundo — garantida, em grande parte, pelo comércio internacional. Essa tensão global, aliás, já esteve presente no período que antecedeu as duas últimas grandes guerras.

Mas voltando à porrinha: Trump não tem receio de virar a mesa e começar o quebra-pau no bar.

Entre uma rodada e outra, vai ao banheiro e volta reclamando da força da água — “Passei 15 minutos tentando molhar meu cabelo”. Isso também não é metáfora. Ele falou mesmo. E ontem, dia 9, aprovou um ato para aumentar a pressão da água nos EUA.

As pessoas que assistem a essa partida sabem que isso não vai terminar bem. Uma rodada pode até acabar tranquila, mas outra começa — e ninguém sabe como pode terminar.

— Lona.

Por aqui, sigo apostando que um grande presidente para o Brasil chegará em 2026: Tarcísio de Freitas.

Foto: AP

Comentários (5)

Flávio 13 abr 2025

Uma temeridade o q está acontecendo! Você, sempre objetivo, mas hoje também sarcástico, mostrou bem como pode acabar esse jogo.

Ricardo Cunha 10 abr 2025

Como de praxe, direto ao ponto.

Albanisa 10 abr 2025

Aragão, você como sempre é muito assertivo em suas exposições tão bem argumentadas. O que me impressiona é que esse "maluco sem beleza", já afirmava que faria tudo isso em sua campanha eleitoral. E mesmo assim, foi eleito.

Thiago Lima 10 abr 2025

Sou de direita mas esse Trump exagera.

de Fátima veras 10 abr 2025

Preocupante! Mas o texto está otimo👏👏👏😁😁😁😁

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“Adolescência” não é uma série para entretenimento. É um alerta. Por Aragão.

A série britânica Adolescência, recém-lançada na Netflix, não é apenas uma produção impactante — é um soco no estômago. Em quatro episódios intensos, ela faz o que muitos pais, escolas e plataformas digitais têm falhado em fazer: mostrar a dor crua e silenciosa da juventude.

Jamie poderia ser brasileiro. Já tivemos nossos “Jamies” — meninos em silêncio, mergulhados em dor, empurrados para o fundo do poço sem que ninguém percebesse. A diferença? Aqui não virou roteiro.

O que assusta não é apenas o crime cometido. É tudo que veio antes.

É o menino que nunca aprendeu a lidar com frustração.

É o jovem que se isolou no quarto e encontrou companhia em fóruns que espalham ódio.

É o bullying que a escola não percebeu — ou fingiu não ver.

É o vício nas redes sociais, onde a vida parece um jogo de curtidas, comparações e filtros.

E, acima de tudo, é o silêncio. O silêncio dos pais, das escolas, da sociedade.

Aquele silêncio que disfarçamos com frases vazias como:

“Todo adolescente é assim.”

“É só uma fase.”

Mas a adolescência de hoje não é como a de ontem.

Eles não brincam mais na rua. Eles não se perdem mais no shopping.

Eles se perdem dentro do próprio quarto, diante de uma tela que nunca os abraça, mas que os prende.

Sozinhos, mas conectados — com o pior lado da internet.

Quantos pais sabem em que universo digital seus filhos estão imersos?

Quantos educadores sabem que tipo de conteúdo seus alunos consomem na madrugada?

Quantos de nós já percebeu que o adolescente calado da sala do lado pode estar gritando por dentro — e ninguém ouve?

A série é só um roteiro. Mas o enredo é real.

Talvez mais real do que gostaríamos de admitir.

Porque todos os sinais estavam lá. Mas ninguém quis ver.

Ou não teve tempo. Ou não teve preparo.

Ou acreditou na falácia mais perigosa da vida moderna: “meu filho está bem, sim. Ele não dá trabalho.”

É preciso abrir os olhos.

A dor dos jovens de hoje é profunda, silenciosa e altamente compartilhável.

Mas raramente escutada.

 

— E se o próximo adolescente perdido não for um personagem da Netflix, mas alguém da sua família?

Foto: Netflix/Divulgação.

Comentários (11)

Aldenize 31 mar 2025

Parabéns e excelente reflexão.

Felipe Alexandre Leite 31 mar 2025

Excelente 👏🏻👏🏻

Jane 31 mar 2025

Vc como sempre se superando👏👏👏vou procurar ver essa série

de Fátima veras 31 mar 2025

Mais cruel vdd!

Camila Medeiros 31 mar 2025

Já queria assistir, mas agora virou meta. Excelente análise.

Albanisa 31 mar 2025

A preocupação com"a geração do quarto" só aumenta. E os diagnósticos de transtornos mentais e emocionais também.

Romulo 31 mar 2025

Parabéns, excelente análise. Bom dia!

Marcos 31 mar 2025

👏👏👏👏👏👏

Marilia 31 mar 2025

Espetacular

Giovanna Sinedino 31 mar 2025

Análise perfeita, Marcus. Assisti há 1 semana e não paro de pensar no que deixei passar e até hoje não sei....

rodrigo 31 mar 2025

Parabéns grande reflexão

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Unimed — Pense no seu amanhã. Por Aragão.

Peço isso porque a gestão atual fez uma campanha como se não houvesse amanhã. Promoveu ataques gratuitos contra ex-presidentes, adotou narrativas agressivas e protagonizou uma tentativa de se manter no poder que causou surpresa dentro e fora da instituição — evidenciada quando ultrapassou os limites do razoável e proibiu alguns cooperados de votar. Todos foram atingidos por essa medida absurda, posteriormente revertida pela Justiça.

É bem verdade que a gestão atual construiu o hospital — o problema foi querer reconstruir o passado com uma narrativa inverídica de que Márcio Rêgo era contra sua construção. Nunca foi. Por zelo e cuidado, cumpria seu papel de coordenador do conselho fiscal.

Lembremos alguns pontos que a Deloitte evidenciou na auditoria sobre a construção do hospital:

— Falta de controle orçamentário detalhado e de justificativas para certos aditivos contratuais.

— Ausência de critérios objetivos para medições, resultando em avaliações subjetivas.

— Compras sem licitações, exigindo maior controle sobre cronograma e custos.

— Planejamento deficiente na aquisição de materiais, comprometendo a eficiência financeira.

— Não existia estudo de viabilidade. Só ficou pronto no último trimestre de 2024.

A gestão atual é honesta. Porém, ficou evidente que o problema foi de organização e planejamento. E esse pode ser o cerne da questão que explica outros problemas igualmente preocupantes. O market share da Unimed Natal caiu de 36,14% em 2020 para 29,72% em 2024. Isso não é narrativa, não é opinião — é um fato: a Unimed perdeu 12.086 usuários.

Por que a Unimed encolheu? E mais: por que, no mesmo período, a despesa administrativa saltou de 7,18% em relação ao faturamento para 9,5% em 2024? — em números absolutos, saiu de R$ 73.243.430,94 em 2020 para R$ 129.322.028,52 em 2024. A tentativa de continuidade de uma gestão marcada por perdas relevantes exige, no mínimo, uma reflexão séria por parte dos cooperados que irão votar nesta segunda (31).

— O passado te preocupa? Pense no seu amanhã.

— Será que algumas categorias tiveram seus honorários reajustados recentemente ou foram chamadas para conversar a respeito? — O cooperado sabe.

— O médico cooperado sabe que esperou oito (8) longos anos da gestão atual para ter a justa valorização e a redução dos custos administrativos. É justo receber novas promessas para atender antigas demandas? — É preciso mudar isso.

— Tudo tem limite. Mas os R$ 126 milhões de prejuízo da Unimed neste último mandato parecem extrapolar o razoável.

— A hora da verdade está chegando.

Chega de passado. — Amanhã há de ser outro dia.

Comentários (3)

Alex 30 mar 2025

E quem paga a conta disso também é o comercial, onde vendedores ficaram proibidos de vender para a faixa etária de 0 a 14 anos, isto é, só podemos vender para pessoas com 15 anos ou mais! A Unimed teve um salto com vendedores em vendas, aumentou o seu quadro e hoje, você diz que perdeu mais de 12 mil clientes? Bem, isso tbm acontece quando não valoriza o vendedor. Mas fazer o que, quando médicos vendo o sucesso de vendas e campanhas boas para incrementar as vendas e eles ficaram irritados com os ganhos financeiros dos vendedores!

José Ferreira 30 mar 2025

A Unimed precisa mudar urgentemente.

de Fátima veras 30 mar 2025

Hora de avaliar bem!!!

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Eita Porra! Por Aragão.

O Brasil é a terra do Eita Porra!

Às vezes nem falamos — só pensamos.

É a nossa reação automática quando parece que tudo está escapando do controle.

 

É o preço da gasolina. É a decisão absurda da Justiça.

É o celular que nunca para, a política que nunca muda, o dinheiro que nunca dá.

É o absurdo virando rotina.

 

— Eita Porra nas redes sociais.

 

A gente acorda e já tá rolando o dedo.

Vê notícia ruim, gente indignada e os algoritmos manipulando as emoções.

Parece que o mundo inteiro virou uma guerra de versões — e se você não escolher um lado, é cancelado por todos.

Você lê, compartilha, comenta — mas, no fim do dia…

Tá cansado. E nem sabe por quê.

 

— Eita Porra na Justiça.

 

Um pichador pega 14 anos.

Um corrupto milionário pega 4.

A gente cresce ouvindo que a Justiça é cega…

Mas parece que ela tirou a venda — e é míope.

Só vê bem quem está perto. Não enxerga quem está distante.

 

— Eita Porra na política.

 

Promessa não falta. Solução que é bom, nada.

E, quando aparece, vem com a desculpa:

“Não dá pra fazer porque o outro deixou tudo bagunçado.”

 

— Eita Porra no supermercado.

 

Você vai no mercado e volta com duas sacolas.

Tá tudo mais caro. Tudo subiu, menos o salário.

O poder de compra virou o poder de dizer: “deixa pra próxima”.

 

— Mas olha… o problema não é dizer “Eita Porra”.

 

O problema é a gente acostumar.

Começar a achar que é normal.

Que a vida é isso mesmo: aguentar, engolir — e torcer pra não piorar.

Reclamar cansa. Fingir que tá tudo bem, mais ainda.

A gente não precisa de salvador.

Precisa de consciência. De ação. De coragem.

A mudança só virá quando os governantes começarem a dizer “Eita Porra” — por causa das nossas ações. — Aí, sim.

 

— Agora me diga: Qual foi seu último Eita Porra?

Comentários (9)

Joan 30 mar 2025

Eita porra, o absurdo virou padrão

Mauro Santos 27 mar 2025

Eita Porra!

Pupilo 27 mar 2025

Que texto! muito preciso e zero agressividade.

O Observador 27 mar 2025

Só vi verdades. Parabéns pela qualidade do texto.

Fabio 27 mar 2025

Eita porra! É assim mesmo.

de Fátima veras 27 mar 2025

Nem sei ...basta entrar nas redes sociais é um "eita porra"atrás do outro!

de Fátima veras 27 mar 2025

Nem sei ...basta entrar nas redes sociais é um "eita porra"atrás do outro!

HENRIQUE JUNQUEIRA 27 mar 2025

Malfeitores na sanha constante de implementar um regime pernicioso no país, uma meia dúzia de muitos, enquanto o povo reage apenas com um "eita porra". O final caótico se avizinha e muitos se arrependerão das suas passividades...

Alves 27 mar 2025

Concordo em grau, número e gênero. Eita p****!

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Depois das Fake News, a Hora da Verdade. Por Aragão

— Quer fake news maior do que dizer que inúmeros cooperados estariam inaptos a votar? 

Pois é. Depois de uma extraordinária sequência de fake news, tinha que chegar a hora da verdade. E está chegando. Faltam apenas oito dias para a votação, o resultado de quase 90 dias de uma luta desigual entre o grupo que segue desesperadamente abraçado ao poder da Unimed e alguns cooperados que ousaram acreditar. Acreditar que é possível fazer uma Unimed para todos, inclusiva e democrática.

Sem saber que era impossível, foram lá e fizeram. Os cooperados da Chapa 2 fizeram uma campanha única, baseada na união, no respeito e na verdade, consolidando a liderança nas pesquisas. É claro que lutar contra o poder estabelecido não é fácil em lugar nenhum. Mesmo que a atual gestão quisesse ser isenta, ainda assim seria naturalmente difícil, pois todos querem retribuir favores — sabemos como as coisas funcionam.

— Interrompo o artigo para perguntar: você conhece algum cooperado que teve seus honorários reajustados recentemente ou que foi chamado para conversar a respeito? 

Depois dessa, tenho que concordar com uma frase do atual presidente no vídeo gravado após o webinar: “Tudo tem limite.” Pois é, concordo. Mas será que esse limite é seletivo ou ainda conveniente? Se não, vejamos:

•Tudo tem limite — até para o tempo de permanência no poder.

•Tudo tem limite — inclusive para os ataques contra a auditoria, que apenas buscava garantir transparência.

•Tudo tem limite — exceto na tentativa, frustrada pela Justiça, de impedir colegas cooperados de votarem — algo que deveria ser impensável em uma eleição democrática.

•Tudo tem limite — até na apresentação dos números da atual gestão. O cooperado é um eleitor muito esclarecido e sabe que os bons números do primeiro mandato devem ser analisados dentro do contexto da época, incluindo o impacto do cancelamento das cirurgias eletivas durante a pandemia.

Que a resistência da Chapa 2 sirva de inspiração para todos e, principalmente, para que outros cooperados não precisem passar por isso nas futuras eleições. Deve-se garantir que o estatuto seja cumprido de forma rigorosa e que as condições de disputa sejam verdadeiramente igualitárias, sem favorecimentos institucionais.

— Pau que dá em Chico, dá em Francisco. 

A Chapa 2, liderada por Márcio Rêgo, propõe um novo caminho, uma gestão plural, baseada na renovação e na melhoria contínua. Não haverá um grupo de continuísmo quando passar os possíveis oito anos de sua gestão. Esse é o compromisso assumido pela Chapa 2. A Unimed deve seguir forte, inovadora e aberta à alternância de gestão.

— Tudo tem limite. Dia 31. 

— A hora da verdade.

Comentários (11)

Orlando 28 mar 2025

O Brasil seja na política ou numa empresa sempre têm um grupo q quer se perpetuar no poder

Clara 23 mar 2025

Quero ver a caixa 📦 preta ,a sujeira debaixo do tapete,DP que a chapa 2 ganhar. .....as máscaras cairão....pir uma unimed melhor ,para todos.....mudança já!!!!!! Essa gestão atual,já deu... xô!

Joan 23 mar 2025

Essa chapa 1 está usando a estratégia PTista pra vencer

de Fátima veras 23 mar 2025

Vc é "cirurgico" nos seus comentários...👏👏👏👏👏👏

de Fátima veras 23 mar 2025

Vc é "cirurgico" nos seus comentários...👏👏👏👏👏👏

Ricardo 23 mar 2025

Chapa 2. Sem sombra de dúvidas

Claudia 23 mar 2025

👏👏👏👏👏

Marília 23 mar 2025

Excelente, com clareza de detalhes

Chico pé de Bixiga 23 mar 2025

Chapa 1 tah de um jeito q nao passa um fio de cabelo

Ana Lúcia 23 mar 2025

Parabéns pelo texto sensato, equilibrado e envolvente.

José Castro 23 mar 2025

Já está mais do que provado que a Unimed deve mudar.

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O Complexo Hospitalar Unimed e a Corrida de bastão dos Desesperados. Por Aragão.

A inauguração do Complexo Hospitalar da Unimed Natal é um marco para a cidade e para os 1.500 cooperados. Um projeto imponente, que tem o potencial de elevar ainda mais o padrão de atendimento da cooperativa e beneficiar diretamente médicos e pacientes. Esse avanço deve ser celebrado.

Embora a ladainha da chapa da situação não pare de insistir o contrário, todos sabemos que desde o início, Márcio Rêgo sempre foi favorável à construção do hospital. Sua única preocupação foi garantir que a obra fosse conduzida com responsabilidade, transparência e planejamento.

Vejamos se foram infundadas as preocupações com o andamento da obra. Afinal, quando um orçamento inicial de R$ 115,6 milhões em 2019 se transforma em uma projeção de gastos que já ultrapassa R$ 417,2 milhões, é natural que um coordenador do conselho fiscal, responsável, questione. Um investimento de quase meio bilhão de reais não deveria ser auditado?

A auditoria Deloitte apontou pontos que justificavam essa preocupação. Analisem.

— Falta de controle orçamentário detalhado e de justificativas para certos aditivos contratuais.

— Ausência de critérios objetivos para medições, resultando em avaliações subjetivas.

— Compras sem licitações, exigindo maior controle sobre cronograma e custos.

— Planejamento deficiente na aquisição de materiais, comprometendo a eficiência financeira.

— Não existia estudo de viabilidade. Só ficou pronto no último trimestre de 2024.

A pergunta que não quer calar: Por que essa auditoria incomodou tanto? A minha leitura é que não houve desonestidade alguma por parte da atual gestão, apenas falta de organização e ausência quase total de planejamento. Se não sabiam fazer, gerir, era dever da atual gestão contratar quem soubesse. 

Bem, agora, é olhar para frente. Com o hospital entregue, surge um novo momento para a Unimed. A atual gestão pode encerrar seu ciclo com um legado positivo, passar o bastão, ou pode insistir em se perpetuar no poder e desgastar sua própria imagem. O episódio recente envolvendo o impedimento de cooperados de votarem é um reflexo desse comportamento, no mínimo, abusivo. Uma tentativa descabida de barrar colegas profissionais que sempre contribuíram com a cooperativa, comprometendo a legitimidade do processo eleitoral. Isso mostra desespero — Não acreditam nas próprias pesquisas?

Fico imaginando se o atual presidente da Unimed fosse participar de uma corrida de bastão, aquele revezamento, como seria? Ele levaria o bastão do inicio ao final? No instante de passar, simplesmente diria: — Deixe comigo que conheço essa prova melhor do que todos!! — Seria assim?

Pela democracia, pelos cooperados excluídos do direito de votar, pela alternância de poder, pela passagem de bastão, vote Unimed livre.

— O Novo Hospital Unimed tem dono? Tem sim! 1.500 cooperados.

Foto: Reprodução.

Comentários (7)

Eu 16 mar 2025

Foi inaugurado mas não está aberto a população?

O observador 16 mar 2025

A alternância de poder é necessária em todas as instituições. Parabéns pela matéria.

Albanisa 16 mar 2025

Já está mais do que provado que a perpetuação no poder não ajuda a nenhum desenvolvimento organizacional. Muito pelo contrário. Todas as organizações necessitam de mudanças constantes. MUDA UNIMED!

de Fátima veras 16 mar 2025

Sensacional!

Sidney Augusto 16 mar 2025

Aragão, parabéns pelo comentário limpo, com analogias válidas e serenidade nas palavras. Havendo transparência, qualquer um pode estar ocupando a diretoria. Mas isso ficou um pouco difícil de perceber.

Roberto 16 mar 2025

Excelente

Maria Eduarda 15 mar 2025

👏👏👏👏👏👏

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Violência Doméstica: A covardia extrema. Por Aragão

O Brasil tem um problema urgente e crescente: a violência doméstica. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 21,4 milhões de mulheres foram vítimas de violência nos últimos 12 meses. Isso representa 37,4% das mulheres brasileiras com mais de 16 anos, o maior índice da série histórica desde 2017. Mas o dado mais alarmante é este: 91,8% dessas agressões aconteceram diante de testemunhas. — Seria a certeza da impunidade?

A Covardia extrema dos Agressores.

A violência contra a mulher é um ato de pura covardia. A grande maioria dos agressores são parceiros, ex-parceiros, parentes ou conhecidos, que se aproveitam da proximidade e da vulnerabilidade da vítima para exercer poder e controle. Atacam onde a mulher deveria se sentir mais segura: dentro de casa. Acredito que poucos desses homens teriam a mesma coragem contra alguém da sua própria força.

Além do medo e da dependência emocional, muitas mulheres continuam presas a relacionamentos abusivos por dependência financeira. Sem recursos próprios, se sentem impossibilitadas de sair de casa e recomeçar suas vidas. A falta de apoio governamental e social agrava essa situação, tornando a violência doméstica um ciclo difícil de quebrar.

O Que o Brasil Pode Fazer?

O Brasil precisa de leis mais duras e punições rigorosas para agressores. A impunidade incentiva a reincidência e mantém as mulheres reféns do medo. Algumas medidas essenciais incluem:

•Penas mais severas para crimes de violência doméstica, sem possibilidade de fiança para casos graves.

•Maior agilidade na concessão de medidas protetivas e prisão imediata para quem descumpri-las.

•Monitoramento eletrônico obrigatório para agressores, garantindo que não se aproximem das vítimas.

•Adoção de um banco de dados nacional de agressores, para impedir reincidências e permitir punições mais rápidas.

Uma Vergonha do tamanho do Brasil

No mundo civilizado, essa violência nos rebaixa e nos distancia do progresso. Se uma em cada cinco mulheres sofre agressão no Brasil, temos muito a evoluir. Enquanto essa covardia persistir, continuaremos a carregar a vergonha de uma sociedade que ainda não soube resolver tamanha injustiça e atraso social.

Foto: Arquivo CNJ

Comentários (4)

Aldenize 15 mar 2025

Espero que um dia a pena de morte seja aprovada pra acabar com essa violência contra as mulheres e crianças.

Nando 15 mar 2025

O pior é que muitas testemunhas, amigos e familiares sabem o que está sucedendo e ninguém faz ou diz nada. Igual ao Assistente Social, se calarem, deveriam ser punidos por coniventes.

Albanisa 15 mar 2025

É uma vergonha em pleno Séc.XXI, ainda se constatar dados estatísticos como esses. E o pior é ver a medida que se aumenta as medidas legais, a violência contra as mulheres aumenta mais ainda. E, em todas as camadas sociais. Uma triste realidade.

Maria de Fátima 15 mar 2025

Muito bom e oportuna essa matéria , muitas mulheres já foram vítimas ou mortas Deus te abençoe

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E se Putin invadisse o RN? Por Aragão.

Imagine que, em um delírio geopolítico, Vladimir Putin resolvesse invadir nosso Estado. Logo de cara, os famosos tanques russos, como os T-14, teriam um desafio imbatível: as estradas do Rio Grande do Norte são capazes de deter qualquer veículo blindado com seus buracos e crateras estrategicamente distribuídos. Nada de mísseis antitanque; aqui bastam as chuvas de verão e o descaso governamental para garantir nossa defesa. — Nossas estradas tinham que servir para alguma coisa, não é mesmo?

Se a invasão fosse pelo mar, a Ponte Newton Navarro seria nosso escudo definitivo. Projetada de forma atabalhoada, ela simplesmente não permite a passagem de grandes embarcações — Entendeu por que não recebemos transatlânticos de turismo?

Voltando para a guerra, só restaria a invasão pelo ar com os caças supersônicos Mig-31 sobrevoando nosso RN. Em poucos minutos varreriam nosso estado — mas iriam aterrissar onde? Em São Gonçalo do Amarante? — NIET!!! Longe demais.

Mas digamos que, milagrosamente, eles conseguissem chegar até Natal. Ainda assim enfrentariam um desafio mais formidável: o trânsito infernal. Bastaria os invasores chegarem durante o horário de pico na Salgado Filho ou na Prudente de Morais para descobrirem que avançar alguns metros leva horas. Isso sem contar com manifestações surpresa em frente ao Midway. Nosso exército de flanelinhas e pedintes ajudaria na resistência e cercaria em segundos todo o comboio russo.

Outro problema inesperado seriam as guerrilhas das facções que dominam todo o estado. Em cada município, em cada bairro, haveria intermináveis confrontos. Nossa cidade é cercada de favelas por todos os lados.

À noite, quando pensassem que poderiam finalmente descansar, seriam surpreendidos com o MST/MLB ocupando o acampamento montado pelos russos. — Seria o assentamento da resistência.

Exaustos e atordoados, os russos tentariam fugir nadando, mas, sem resistência às bactérias presentes nas praias impróprias para banho, provavelmente tombariam em nossa orla. Os que escapassem se lembrariam dessa invasão inusitada com um misto de respeito e admiração: — Eis o povo mais forte e resistente sobre a face da terra.

— A nação que venceu Napoleão e Hitler não seria capaz de resistir a essa batalha diária que é sobreviver nas terras potiguares.

Foto: Alexander Nemenov/AFP

 

Comentários (8)

Flávio R Sousa 09 mar 2025

Hilário, se não fosse trágico. !!!

Nando 08 mar 2025

Simplesmente hilário

Romulo Leite 08 mar 2025

Parabéns! Ironia e humor na medida certa!!… uma na panorâmica do “pântano” no RN!!!

Roberto 08 mar 2025

Ótimo texto !!!! Diante dessa verdadeira catástrofe que é a situação do nosso estado, seria complicado essa “invasão Russa”. Rsrs

Alex 08 mar 2025

Rindo demais com a sua matéria, em tom de brincadeira, mostrando a nossa situação! Porque hipoteticamente a Rússia invade o RN, em 30 dias estaria resolvida e em 12 meses o RN já seria um novo estado, sonhar pelo menos podemos!!

Orlando 08 mar 2025

Em um breve resumo vc descreveu quase tudo em nosso estado infelizmente hj é a realidade

Fernanda 08 mar 2025

👏👏👏👏👏🥰

Diogo 08 mar 2025

Excepcional

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As Eleições Unimed e o Fim do Carnaval. Por Aragão.

É fato. Para o contragosto de alguns, acabou o Carnaval — hoje, é quarta-feira de cinzas. Agora, é tempo de planejar para construir, muito em breve, o futuro que o cooperado merece. — Acabou o Carnaval. É tempo de olhar para frente e erguer, com uma gestão comprometida com os resultados, uma nova Unimed.

— Investir no cooperado deve ser sempre o maior empreendimento da Unimed.

A Chapa 2 é oposição à atual gestão, mas a favor do hospital. Entretanto, será sempre contra a experiência da Chapa 1 em liberar pró-ratas que poderiam ser evitados. A parte excedente do hospital — que não será utilizada agora — não poderia ter sido modular? A estrutura que ficará ociosa não poderia esperar um pouco para ser construída por etapas?

A Chapa 2, da oposição, também tem se posicionado contra a experiência comprovada da gestão atual em não valorizar o cooperado. Também não concorda com a experiência inegável do presidente atual em buscar se manter no poder para além dos oito anos. Seria exagero pensar que a Chapa 1 é controlada pelo atual presidente? 

Nos últimos dias, a gestão atual tem apelado para ataques diretos à Chapa 2, numa estratégia que revela mais do que simples divergências: demonstra um claro temor da alternância no poder e uma tentativa de perpetuação de um mesmo grupo no comando da Unimed. Um ataque direto à pluralidade e à renovação.

— “A Unimed sou eu!”

Não, ninguém disse isso. Nem Luís XIV, nem o atual presidente da Unimed. Mas o que poderia aproximar ambos? Seria a dificuldade em aceitar a alternância de poder? O desejo de prolongar sua permanência na liderança? A resistência à pluralidade de ideias?

Pensemos juntos: a Chapa 1, do continuísmo, da situação, da manutenção, certamente apoiaria uma nova candidatura do atual presidente — novamente — daqui a quatro anos? Faz sentido para você? Infelizmente, o estatuto não impede esse tipo de manobra.

— Uma nova história para a Unimed Natal.

O cooperado sabe que um mesmo grupo, por mais experiente que se diga, quando permanece no comando por tempo excessivo, enfraquece a democracia. Se, no futuro, a chapa de Márcio Rêgo tentar seguir pelo mesmo caminho, não deve contar com o voto do cooperado.

— Acabou o Carnaval. Agora é trabalho.

— Uma Nova Unimed espera por você.

Comentários (5)

Sabrina 05 mar 2025

Os cooperados realmente precisa ser valorizados

Aparecida 05 mar 2025

Mais de 8 anos de gestão não existe. Vamos votar certo.

Alexandre 05 mar 2025

Que comece uma nova história

Marília 05 mar 2025

Maravilhoso esse artigo. Parabéns 👏👏👏👏

Maria de Fátima 05 mar 2025

Bem pensado!

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MÁFIA: A incrível história da Cosa Nostra no RN. Entenda. 

Como a máfia siciliana enraizou suas operações em nosso estado? Investimentos que ultrapassam 800 milhões de reais no mercado imobiliário foram realizados por meio de uma engenhosa máquina de transferir e lavar dinheiro. A Cosa Nostra deixou no Rio Grande do Norte um rastro de golpes milionários, fraudes cartorárias, corrupção, grilagem de terras e dois assassinatos. Bem que poderia ser o roteiro de um filme policial, mas é um artigo que você começa a ler agora.

Era quase noite em Palermo, capital da Sicília, quando dois jovens, um deles com uma faca, entraram em uma pequena loja de produtos de limpeza na Via Altofonte. Depois de renderem os funcionários, os assaltantes levaram 4,5 mil euros que estavam na caixa registradora. Era 29 de agosto de 2019. Cinco dias depois, no mesmo horário, novo roubo na mesma loja: dois rapazes, fingindo estarem armados, levaram mais 2,8 mil euros.

O caminho natural do dono da loja seria procurar a polícia. Mas não foi o que aconteceu. Francesco Paolo Bagnasco preferiu telefonar para Giovanni Caruso, um membro da Cosa Nostra, organização mafiosa que desde o século XIX controla boa parte das relações socioeconômicas na Sicília. Ao analisarem imagens captadas por uma câmera de vídeo, os mafiosos identificaram três assaltantes (um deles havia participado dos dois roubos).

Na tarde de 7 de setembro, quatro dias após o segundo assalto, os três ladrões foram sequestrados e levados para um galpão. Caruso notificou o seu chefe, Giuseppe Calvaruso, bem como o dono da loja, e os três foram até o cativeiro, onde assistiram ao brutal espancamento dos assaltantes. Horas depois, Caruso descreveu, para outro membro da máfia, a face de um dos assaltantes, dizendo que parecia uma “peneira”. O dinheiro roubado foi devolvido a Francesco Bagnasco.

Sete meses depois, em abril de 2020, Bagnasco e outros cinco empresários recorreram a Calvaruso para adquirir nove partes de um grande armazém. Coube à máfia afastar outros pretensos concorrentes na compra do imóvel. Em troca, a Cosa Nostra exigiu uma taxa total de 90 mil euros – 40 mil a serem pagos apenas por Bagnasco por ele ter adquirido quatro partes do armazém. Foi a vez do empresário e seus sócios sentirem na pele a ira da máfia palermitana.

Em telefonema captado pela polícia italiana, Calvaruso ordenou que Caruso exigisse o dinheiro dos empresários antes que o negócio fosse formalizado em cartório. “Não tenha piedade”, disse o chefe. Bagnasco pagou, mas apenas uma parte – 15 mil euros. Em dezembro de 2020, Calvaruso reforçou as ameaças. “Se eles não me derem o dinheiro, tudo pode acontecer”, disse a Caruso. Em fevereiro de 2021, duas semanas antes da formalização do negócio no cartório, o chefe mafioso aumentou o tom das ameaças. “Se alguém ousar fazer a escritura sem ter pagado, não deixe ir ao cartório e meta um revólver na boca dele”, ordenou. Calvaruso falava de um lugar muito distante de Palermo, do outro lado do Oceano Atlântico – mais precisamente, de Natal, no Rio Grande do Norte.

Parte do dinheiro extorquido dos empresários custeou as despesas de familiares dos membros da Cosa Nostra que estão presos. Outra parte foi enviada ao Rio Grande do Norte, onde, ao longo de dezessete anos, sob o comando de Calvaruso, a máfia siciliana investiu 800 milhões de reais no mercado imobiliário por meio de uma engenhosa máquina de transferir e lavar dinheiro. Durante esse tempo, a Cosa Nostra deixou no estado nordestino um rastro de golpes milionários, fraudes cartorárias, corrupção, grilagem de terras e dois assassinatos.

Giuseppe Calvaruso tem cabelos castanho-claros, repartidos ao meio, e baixa estatura, o que lhe rendeu o apelido, entre os mafiosos sicilianos, de u curtu (o curto, literalmente, ou o baixote). Em 47 anos de vida, a maior parte atuando como empresário da construção civil, adquiriu o respeito da cúpula da Cosa Nostra, sobretudo depois de ter ajudado na fuga de Giovanni Motisi, no fim dos anos 1990. Motisi foi um dos mais sanguinários assassinos de aluguel de Salvatore “Totò” Riina, mafioso que aterrorizou a Sicília e foi o mandante dos assassinatos, em 1992, dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, responsáveis pelo Maxiprocesso de Palermo. Em 1993, Riina foi preso. Morreu em 2017, aos 87 anos.

Cada município da Sicília (ou, no caso das maiores cidades, cada bairro ou distrito) possui um líder mafioso, chamado capomandamento (mandamento é uma região controlada por determinado clã criminoso). Antonino Rotolo, o capomandamento de Pagliarelli, está preso desde 2006. Quem o substitui desde 2015 é Calvaruso, mas na condição de “regente”, como se chama o líder temporário. Em conversa interceptada pela polícia italiana, o regente disse ter à disposição cerca de 1 bilhão de dólares para investir.

Em fevereiro de 2009, Pietro Ladogana, um homem alto de queixo anguloso que, para a PF, era testa de ferro da Cosa Nostra, desembarcou em Natal. Na capital potiguar, ele fundou três empresas do ramo imobiliário, com um capital social total de 3,8 milhões de reais, e casou-se com Tamara Maria de Barros. A brasileira seria usada como laranja pelo italiano, que colocou no nome dela boa parte dos imóveis que adquiriu. 

Mas Ladogana também começou a grilar terras com o uso da violência. Chegou a criar uma milícia formada por policiais militares para expulsar moradores em Extremoz, município na Região Metropolitana de Natal, onde contava com a ajuda do então tabelião do cartório local e ex-prefeito João Soares de Souza, e de servidores da prefeitura para falsificar documentos que garantissem a posse dos imóveis. Quando o então secretário de Tributação de Extremoz Giovanni Gomes contrariou os interesses do esquema, Ladogana ordenou que um dos PMs de sua milícia, Alexandre Douglas Ferreira, “desse um susto nele” – como a mulher do mafioso contou à Polícia Civil. Gomes levou um tiro de raspão na perna quando saía da festa de formatura do filho, em uma noite de agosto de 2013.

No caso de outro desafeto, o desfecho foi trágico. O empresário italiano Enzo Albanese, que dirigia um time de rugby em Natal e não tinha relações com a Cosa Nostra, descobriu as fraudes fundiárias de Ladogana, bem como desvios de parte do dinheiro da máfia para o próprio bolso, e ameaçou denunciar tudo à polícia. Em março de 2014, Albanese foi ameaçado de morte, caso ousasse delatar seus esquemas. Mas ele não recuou. Em 2 de maio do mesmo ano, ele fechava o portão de entrada de sua casa quando o policial Ferreira se aproximou em uma moto e atirou. O italiano morreu no local. Um mês depois, a Justiça de Natal decretou a prisão preventiva de Ladogana, que foi detido no aeroporto de Roma, onde tentava embarcar para o Brasil com 120 mil euros escondidos na roupa. Acabou liberado meses depois, na Itália, e ficou no país natal. Tempos depois, recebeu uma pena de catorze anos de reclusão, que ele cumpre na penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Ferreira não chegou a ser julgado – a Justiça o considerou inimputável, depois que foi diagnosticado com esquizofrenia.)

Em 2016, Calvaruso iniciou o processo de troca do operador da lavanderia de dinheiro da máfia no Brasil. Recorreu então ao empresário Giuseppe Bruno (foto no início do artigo), cuja família lavava dinheiro para a máfia desde os anos 1990 na construção civil da Sicília, de acordo com a polícia italiana.

Em Natal, Bruno e Calvaruso investiram 830 mil euros na compra de novas áreas nos arredores de Natal, inclusive uma fazenda que seria transformada em loteamento com perspectivas de ganhos milionários. “Gostaria de salientar que estamos falando de 180 hectares, onde há a possibilidade de construir cerca de 7.500 casas, que por 100 mil reais são 750 milhões de reais de faturamento, com um lucro residual de mais de 50%…”, escreveu Bruno, por e-mail, a um integrante da máfia na Sicília. No total, segundo o Ministério Público Federal, a máfia adquiriu 76 imóveis no Brasil.

Certo dia, em um shopping de Ponta Negra, local abastado da cidade, Bruno conheceu Sara da Silva Barros, de 37 anos de idade. Logo, ela se tornaria não só a mulher de Bruno, como sua testa de ferro preferida, já que não tinha antecedentes criminais. “Sara é cem por cento limpa”, escreveu ele para Calvaruso, por WhatsApp. Foi em nome dela que Bruno e Calvaruso montaram a pizzaria e cafeteria Italy’s, na orla de Natal. 

O policial e advogado Carlos Menezes conheceu Bruno em 2016, quando o italiano e Nino Spadaro foram até a Delegacia de Apoio e Assistência ao Turista (Deatur), em Natal, onde o então agente trabalhava, para fazerem um boletim de ocorrência contra João Soares de Souza, tabelião do cartório de imóveis de Extremoz, e seu filho, Gustavo Eugênio Costa de Souza. Segundo Bruno, o tabelião e o filho haviam falsificado a escritura de uma área de 29 hectares adquirida pela empresa Tecnobloco Construções Ltda., da qual o italiano se dizia sócio e procurador, para revendê-la a terceiros por 16 milhões de reais.

Por causa do alegado prejuízo pela perda do terreno, Bruno e Spadaro passaram a pressionar o tabelião, que se comprometeu a pagar 1,2 milhão de reais e a entregar outra área a eles. Mas Souza só pagou 150 mil reais, e os italianos descobriram que os documentos da área oferecida eram falsos.

Na discussão com os italianos, o tabelião ameaçou Bruno e seu advogado com um revólver, dentro do cartório de Extremoz, o que motivou um segundo boletim de ocorrência contra Souza, agora por ameaça, registrado pelo então policial Menezes no fim de 2017, na mesma Deatur. A aproximação com o policial fez com que este fosse convidado a trabalhar como segurança para a viagem que a mãe de Bruno fez da Itália ao Brasil.

Em março do ano seguinte, Souza e o filho foram denunciados à Justiça por estelionato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusados de uma série de fraudes documentais. Souza morreu um mês depois, de causas naturais. Gustavo, seu filho, foi absolvido. Sem saída, Bruno ingressou com ação na Justiça contra o tabelião e o filho, e a 1ª Vara de Extremoz condenou o espólio de Souza e também Gustavo a indenizarem Bruno em 22 milhões de reais.

Retornando ao Brasil em 2019, Calvaruso, regente da Cosa Nostra, acelerou os investimentos da máfia. Concluiu a construção de uma casa dentro de um resort em Bananeiras, interior da Paraíba; comprou dois apartamentos em Cabedelo, município vizinho a João Pessoa; adquiriu duas empresas em Natal (uma delas dona de imóveis avaliados em quase 4 milhões de reais, no total) e fundou a pizzaria Italy’s. 

Em 2021, os primeiros policiais italianos desembarcaram em Natal para rastrear o patrimônio amealhado pela máfia e seguir de perto os passos de Giuseppe Bruno.

No ano seguinte, em maio, o governo italiano decidiu solicitar formalmente um acordo de cooperação com o Ministério Público Federal (MPF) brasileiro para “a obtenção de dados confiáveis sobre rastreabilidade dos grandes fluxos financeiros movidos da Itália para o Brasil e informações sobre bens atribuídos a Giuseppe Calvaruso e outros”. A investigação do MPF, da PF e da Receita Federal, iniciada em outubro de 2022, não só confirmou os dados já investigados desde a Itália como encontrou novas suspeitas sobre o patrimônio do trio Calvaruso-Ladogana-Bruno no Rio Grande do Norte. 

Em novembro de 2023, a PF encaminhou à Justiça os pedidos de prisões preventivas e de buscas. Em poucas semanas as requisições foram acatadas pela 14ª Vara Federal de Natal, mas a operação tinha de ser deflagrada ao mesmo tempo no Brasil e na Itália, onde havia outros participantes do esquema mafioso. A Justiça italiana demorou a conceder os pedidos de prisão (só o fez em agosto de 2024).

Bruno foi preso na manhã de 13 de agosto de 2024. No mesmo dia, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo prendeu na Itália a mãe dele, Rosa Simoncini. No Brasil, nove pessoas, incluindo Calvaruso, Bruno e sua ex-mulher, Ladogana, sua ex-mulher, Tamara Barros, e a atual, Regina Souza, são réus em ação penal, ainda não julgada, na 14ª Vara Federal de Natal, acusados de associação criminosa e lavagem de dinheiro. Em dezembro passado, o inquérito da polícia italiana seguia em andamento.

O advogado de Calvaruso na Itália, Michele Giovinco, disse à revista piauí que a Justiça ainda não provou a responsabilidade do réu na suposta extorsão aos compradores do armazém na via Altofonte, em Palermo, nem na lavagem de dinheiro na compra e venda de imóveis no Brasil. “Não há provas processuais nas investigações italianas de transferência de dinheiro de Hong Kong ou Cingapura, nem para a Itália e nem para o Brasil”, afirmou.

Em nota, a defesa de Ladogana informou apenas que o patrimônio dele no Brasil “foi adquirido com muito trabalho” e que o empresário nunca teve envolvimento com a Cosa Nostra. Nino Spadaro não quis se manifestar. A defesa de Bruno não foi localizada.

A última ponta solta dos esquemas da máfia siciliana no Rio Grande do Norte é o assassinato de Carlos Antonio Lopes da Silva, o taxista que se tornou laranja de Pietro Ladogana e era dono formal de duas empresas e de dezenas de imóveis no estado. Mesmo depois da prisão do italiano, em 2019, Silva continuou próximo dele – era uma das pessoas autorizadas por Ladogana a visitá-lo na prisão em Alcaçuz.

Na noite de 1º de março de 2023, Silva dormia em sua casa no bairro Pitangui, em Extremoz, com a mulher e as duas filhas do casal, quando ouviu a porta da entrada sendo arrombada. Pegou um bastão e conseguiu atingir um dos invasores, mas acabou levando sete tiros de pistola de outro criminoso. Morreu ao lado da sua cama.

A principal suspeita da polícia é que Silva tenha sido morto a mando de um empresário potiguar que teria grilado parte dos terrenos da Cosa Nostra no estado. Responsável pelo inquérito, o delegado André Kay, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Ceará-Mirim, não revela a identidade do suspeito para não atrapalhar as investigações. Passados quase dois anos do crime, o inquérito ainda não foi concluído.

Fonte: Revista Piauí. Allan de Abreu.

Comentários (1)

Carlos 27 fev 2025

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