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Léo Lins. Santo ou diabo? Por Aragão.

Você já leu as frases do Léo Lins?

•“O uísque pra mim tem que ser igual à mulher: puro e com 12 anos.”

•“Sou totalmente contra a pedofilia, sou mais a favor do incesto […] abusa do seu filho, ele vai fazer o quê? Contar para o pai?”

•“Uma vez vi uma enquete: ‘O que vocês falam quando terminam de transar?’ Aí eu escrevi: ‘Não conta para sua mãe que te dou uma boneca.’ Me xingaram muito… Esse dia fiquei mal. Eu só fiquei melhor no dia seguinte, quando fui no parquinho olhar as crianças.”

•“Tem ser humano que não é 100% humano. O nordestino do avião? 72%.”

•“Se tiver algum anão aqui, no final do show a gente estoura […] vai ser pequenas causas.”

É impressionante como tanta gente julgou esse caso — para defender ou para condenar — sem nunca ter lido uma única frase. Apenas absorveram narrativas prontas, embaladas para confirmar o que já pensavam. Mas quase ninguém leu o conteúdo real. E é por isso que este artigo começa com algumas dessas frases: porque o leitor tem o direito — e o dever — de formar sua própria opinião com base em fatos, não em versões.

Tem piada do Léo Lins que, sinceramente, considero bobagem. E sim — tem muita gente por aí que vê problema em tudo. Que vem deixando o mundo chato e a isso podemos chamar de mimimi.

Mas há uma linha que não se cruza. E quando ele fez piadas com pedofilia e autismo, ultrapassou esses limites.

Algumas coisas simplesmente não se dizem. Nem em nome da arte. Nem em nome da liberdade. Porque há valores inegociáveis. Pela família, pela fé em Deus, pelas crianças do Brasil e pela pátria que queremos deixar para os nossos filhos.

E sim — ele merece alguma punição. Mas com proporcionalidade. Oito anos de prisão com 2 milhões de reais em multa e indenizações é realmente um absurdo. Não poderia ser uma prestação de serviço à comunidade? Bem, a Justiça precisa ser firme, mas também justa. Por outro lado, é preciso ficar atento para não utilizar esse caso para instituir a censura.

Léo Lins não é santo, nem diabo. É um ser humano e, como tal, erra. E errando, deve ser punido sem arbitrariedade, ideologia ou exageros. Porque, quando exageramos na sentença, podemos estar errando tanto quanto quem cometeu o crime.

Foto: Reprodução

Comentários (3)

Bora Costa 07 jun 2025

Concordo com vc Aragão A punição exagerada do Léo é um caminho para a censura, Acorda Brasil,

Flávio 07 jun 2025

Muito bem colocado

Maria de Fátima 07 jun 2025

Vdd! Tem q ser punido,até pq,faz piada c o q não tem a menor graça, é um chato metido a engraçado ,mas talvez,tenha sido exagerado dentro da nossa tradição de impunidade.

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Alô, Leonardo DiCaprio!!! 4.263 focos de incêndio no Brasil somente em maio. Por Aragão.

As chamas que devoram diariamente nossas florestas não comovem mais Leonardo DiCaprio nem Greta Thunberg?
Será que era só um personagem de DiCaprio que defendia nossa vegetação?
Pois é — os incêndios parecem ter derretido até as narrativas de ocasião.

Somente no mês de maio de 2025, o Brasil registrou 4.263 focos de incêndio, segundo o sistema BDQueimadas do INPE (@inpe.oficial).
Nossos seis biomas ardem num inferno esquecido.

Os dados são públicos. Oficiais. Alarmantes.
Mas o que mais chama atenção não é o número de queimadas — é o sumiço das reações.

Porque quando Jair Bolsonaro era presidente, cada foco de incêndio virava trending topic mundial.
Artistas internacionais gravavam vídeos indignados. ONGs ocupavam os noticiários.
E Leonardo DiCaprio praticamente virou comentarista oficial das queimadas brasileiras.
Quem esquece Greta Thunberg, a jovem ativista sueca, escrevendo em tom dramático sobre o “pulmão do mundo em chamas”?

Hoje, o fogo continua.
Mas os protestos evaporaram.

Talvez essa tenha sido só mais uma malandragem do Lobo de Wall Street — que agora assiste de longe enquanto o Brasil vai afundando como o Titanic.

The End.

Fonte: Poder 360

Comentários (2)

Flávio 04 jun 2025

E o melhor foi o comentário final, kkk

Maria de Fátima 04 jun 2025

Comentário sensacional!!!!!👏👏👏👏👏

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Entre Spinoza e Adam Smith: O mito da mão invisível e o Deus real dos interesses econômicos. Por Fernando Rocha.

A obra “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, introduziu a metáfora clássica da “mão invisível”, segundo a qual os agentes econômicos, ao buscarem o interesse próprio, acabam promovendo, involuntariamente, o bem-estar coletivo. Para Smith, o funcionamento da economia é, assim, um mecanismo natural, autorregulado, que prescinde de uma força externa ou heterônoma para garantir sua harmonia e eficiência. Esse raciocínio, de caráter eminentemente naturalista, encontra uma curiosa analogia no pensamento de Baruch de Spinoza, que concebe Deus não como uma entidade transcendente e voluntarista, mas como a própria Natureza, ou seja, a substância única cujos modos são todas as coisas existentes.

Tanto Smith quanto Spinoza convergem na crença de que o mundo — seja o econômico, seja o natural — é regido por leis próprias, imanentes, cuja ordenação não depende de uma intervenção externa ou arbitrária. Em Spinoza, a causalidade universal é absolutamente necessária: Deus ou Natureza (Deus sive Natura) é a totalidade do ser, e todos os eventos se sucedem segundo a ordem e a conexão inevitáveis dessa substância única. Do mesmo modo, em Smith, a economia tenderia a um equilíbrio espontâneo, orientado pelos interesses individuais que, como se guiados por uma mão invisível, produzem efeitos coletivos desejáveis, ainda que não intencionais.

No entanto, ao se observar a prática histórica e contemporânea da economia, percebe-se que o suposto caráter “natural” e autônomo do mercado é frequentemente tensionado e contradito por intervenções externas, fruto de interesses políticos e econômicos específicos. A idealizada “mão invisível” é, em larga medida, substituída ou deslocada por uma série de ações estatais que modulam e condicionam o funcionamento do mercado conforme os interesses de ocasião.

O caso brasileiro é paradigmático. Estima-se que o governo federal concede, anualmente, mais de R$ 500 bilhões em benefícios fiscais, renúncias tributárias e subsídios creditícios e financeiros a diversos setores da economia, valor que corresponde a cerca de 6% do PIB. Essas transferências não são fruto de um modelo impessoal ou neutro, mas decorrem de pressões e articulações políticas das chamadas bancadas temáticas, que representam interesses econômicos muito específicos.

Independentemente da coloração político-partidária dos governos — seja de orientação liberal, desenvolvimentista ou progressista —, o Estado brasileiro historicamente favorece setores como o agronegócio, que recebe subsídios bilionários através do Plano Safra e créditos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); as instituições financeiras, beneficiadas por mecanismos de garantias públicas e resgates em crises sistêmicas; a indústria têxtil e a indústria automobilística, amparadas por políticas de isenção fiscal e proteção tarifária; e, mais recentemente, a chamada bancada da Bíblia, cuja força política orienta isenções tributárias para igrejas e instituições religiosas, em especial sob o argumento de imunidade fiscal prevista na Constituição.

A suposta neutralidade do mercado, portanto, cede lugar a um sistema de regulação profundamente heterônomo, onde o “Deus externo” que comanda o capitalismo não é a metafísica da mão invisível, mas o interesse de ocasião, variável conforme o contexto político e as forças que dominam o cenário institucional. O exemplo do protecionismo reintroduzido pelo governo Donald Trump, com a imposição de tarifas bilionárias a produtos chineses, reforça que, mesmo em economias centrais que defendem a liberdade de mercado, o interesse nacional e os grupos de pressão prevalecem sobre a mística do livre mercado.

Diferentemente do Deus-Natureza de Spinoza, que é uma entidade ontológica irrefutável e que rege o universo com necessidade lógica, o “Deus do mercado” é uma construção ideológica, manipulável e contingente, que serve, não raro, para legitimar políticas que favorecem determinados grupos sob o pretexto da neutralidade e da eficiência sistêmica.

Assim, ao contrário do que apregoam muitos defensores do livre mercado, o que se observa na prática não é a celebração de uma ordem espontânea e benéfica, mas a defesa obstinada de um Deus específico: o Deus dos interesses econômicos dominantes. O apelo ao “mercado livre” funciona como uma espécie de teologia política que naturaliza desigualdades, justifica intervenções seletivas e oculta a presença de um Estado que atua, paradoxalmente, para preservar os privilégios dos mesmos que proclamam a necessidade de sua abstenção.

Essa constatação impõe uma crítica necessária: a retórica do mercado como esfera autônoma, autorregulada e eficiente serve, muitas vezes, como um discurso de fachada para o predomínio de interesses corporativos, enquanto o verdadeiro “Deus” que governa a economia permanece sempre visível — e visceralmente humano.

Fernando Rocha de Andrade – Procurador da República e Mestre em Direito Internacional.

Comentários (6)

Carlos 25 maio 2025

É mais fácil listar os locais com Livre Mercado que os utópicos Comunistas

Aguida 25 maio 2025

Texto necessário nos dias atuais. Um desenho da realidade.

Francisco Xavier 25 maio 2025

Excelente texto e baseado em um excelente livro, porém creio que cabe considerar que o Trump usa as tarifas como arma geopolítica, nao como modelo econômico como se baseou o argumento.

Gleidson Paulino 25 maio 2025

Muita clareza. Ótimo texto.

Alex 25 maio 2025

Livre mercado é uma utopia, isso não existe e nunca vai existir. Sem a força do Estado, nada acontece, isso vale pra o Brasil como também acontece no resto do mundo. Ingênuo quem acredita em livre mercado no capitalismo, ainda mais nos Estados Unidos, China, Europa etc. Ágora, no nosso país, infelizmente a corrupção seja ela: executivo, legislativo e jurídico com a convivência de um.povo ignorante, atrapalha a nação!

Carlos 25 maio 2025

É mais fácil listar os locais com Livre Mercado que os utópicos Comunistas

Maria de Fátima 25 maio 2025

👏👏👏👏👏👏

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VÍDEO – Aragão questiona embargo ao Hospital Infantil de Mossoró.

 

Por que a loja da Havan na BR-101 teve toda a flexibilidade para inaugurar, enquanto o Hospital Infantil de Mossoró segue embargado?

Intransigência da Prefeitura? Ou represália porque os recursos vieram do senador Styvenson?

Assista e tire suas próprias conclusões.

Comentários (0)

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INSS — Quando o governo rouba e tortura o brasileiro. Por Aragão.

Não precisamos temer invasões estrangeiras.
Podem relaxar as fronteiras — nenhuma ameaça externa conseguirá ser tão cruel quanto a realidade já implantada dentro do Brasil.
O Estado bárbaro já está inserido em nossa pátria.

Mais uma ofensiva contra a nação foi deflagrada — e desta vez, contra os mais frágeis: aposentados e pensionistas do INSS.

A Operação Sem Desconto revelou o que muitos já desconfiavam: um exército de associações fantasmas, munidas de má-fé e ambição desmedida”, foram autorizadas a descontar mensalidades diretamente do contracheque de milhões de brasileiros.
Resultado: R$ 6,3 bilhões saqueados entre 2019 e 2024.
Com a conivência, o silêncio — e em alguns casos, a participação — da própria diretoria do INSS.

Se fosse o primeiro escândalo de corrupção, ainda caberia o discurso: “pelo menos estamos resolvendo.” Mas, pelos deuses da verdade, este já é o enésimo caso — e infelizmente, não será o último.

Esse ataque ao erário, essa complacência institucional, tornam o massacre ainda mais cruel.
Porque o mesmo INSS que se mostra flexível com a corrupção, é implacável com os doentes.

Brasileiros que mancam, que choram de dor, que se arrastam para tentar uma perícia, são muitas vezes tratados com desprezo e arrogância.
Seriam ordens superiores? Uma diretriz de “apertar o cerco”? Bater meta de corte? Negar por negar?
Nada disso está comprovado — mas a prática grita mais do que o silêncio do governo.

Possivelmente, você que me lê conhece alguém que teve o benefício negado injustamente.
Eu conheço.

Francisca Nunes de Souza Carvalho, atropelada em 2022, teve vários ossos quebrados. Mal consegue andar.
Recebeu auxílio-doença por um período, mas hoje, mesmo ainda aguardando uma cirurgia, está com o benefício suspenso.
Humilhada. Esquecida. Castigada por um sistema que deveria protegê-la.

Enquanto isso, milhões de reais saíam todo mês das contas de aposentados para entidades que nem existiam de fato — mas que sabiam como assinar um Acordo Técnico.

Isso não é falha.
É perversidade.

— O INSS apertava o cerco contra os doentes — enquanto abria caminho para a corrupção oficializada.

Foto: Polícia Federal

Comentários (5)

Albanisa 30 abr 2025

Ainda bem que você consegue expressar de forma muito clara e objetiva mais esse ato absurdo e criminoso, justamente com os mais necessitados.

Vera Coelho 30 abr 2025

Como servidora do INSS aposentada, tenho vergonha do que fazem com os mais necessitados. Parabéns pelo seu texto. Perfeito!

Francisco Serejo 30 abr 2025

Mais uma vez perfeito seu texto !!! Parabéns amigo.

Romulo Leite 30 abr 2025

Mais que oportuno, necessário abordar este tema. Parabéns pela objetividade e racional abrangência. Ótimo dia!

de Fátima veras 30 abr 2025

Q chegue a providência Divina sobre nós!

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O Homem Performático. Por Fernando Rocha.

Arthur Schopenhauer (1788-1860) acreditava que a verdadeira individualidade era uma dádiva rara. Para ele, a maioria das pessoas não passava de meros repetidores, encaixados em categorias previsíveis, reféns de hábitos triviais e pensamentos padronizados. Suas vontades não eram próprias, mas sim reflexos do coletivo, como se a vida fosse um grande palco onde todos atuam conforme o roteiro já escrito por outros. O que ele talvez não tenha previsto é que, mais de um século depois, essa tendência à repetição se tornaria ainda mais radical – não apenas uma característica natural do homem, mas uma exigência imposta pelo mundo digital e pela lógica produtivista da contemporaneidade.

Byung-Chul Han, em sua crítica à sociedade do desempenho, aponta como o homem moderno é forçado a ser não apenas produtivo, mas um produto em si. Se antes o capitalismo exigia corpos que trabalhavam exaustivamente, agora ele exige corpos que se exibam, que se vendam como marcas pessoais, que monetizem sua própria existência. O ser humano não precisa apenas ser eficiente, ele precisa parecer eficiente. Não basta viver, é necessário demonstrar que se vive – e bem. É a era do espetáculo total.

As redes sociais, com suas câmeras sempre ligadas, transformaram o cotidiano em um reality show sem roteiro, mas com regras invisíveis e rígidas. O sorriso precisa ser perfeito, os dentes brancos como os dos influenciadores, a pele polida, os ângulos estudados. Até mesmo a tristeza precisa ser performada de maneira esteticamente aceitável. Não basta sofrer, é necessário sofrer de forma instagramável. A espontaneidade deu lugar à coreografia ensaiada; a autenticidade cedeu espaço à simulação de autenticidade. Não se trata mais de ser, mas de parecer ser. E, para isso, há um manual implícito: os mesmos filtros, as mesmas legendas motivacionais, os mesmos trejeitos nas danças virais.

A vida real foi substituída por um teatro digital onde todos desempenham papéis que não criaram, mas que precisam interpretar para serem aceitos. A estética dos corpos agora é forjada em clínicas de harmonização facial, criando rostos uniformes, bocas idênticas, expressões esculpidas para caberem nos moldes de um ideal que sequer foi escolhido conscientemente. O mundo digital se tornou a verdadeira realidade, e a vida offline, uma mera preparação para ele.

O que resta do humano quando ele se transforma em um avatar de si mesmo? Quando cada momento é vivido com a consciência de que pode ser filmado, editado, analisado, curtido ou rejeitado? Quando cada emoção precisa ser modulada para caber na expectativa do público invisível que habita o outro lado da tela? O homem performático deixou de ser sujeito para se tornar personagem. Não mais um ser único, mas um fragmento repetido, um eco incessante daquilo que já foi visto antes.

Talvez Schopenhauer estivesse certo ao dizer que poucos realmente possuem individualidade. Mas o que ele não poderia imaginar é que, no futuro, essa falta de singularidade não seria apenas um traço da natureza humana – seria uma obrigação social.

Fernando Rocha de Andrade.
Procurador da República e Mestre em Direito Internacional.

 

Comentários (7)

Flávio R Sousa 30 mar 2025

Triste, mas real. Falta de consciência individual,

Rildete 29 mar 2025

Quando professora, hj eu com 75 anos já dizia: a prova é ondividual e a vida tb.

Raquel Medeiros 29 mar 2025

Excelente texto que nos faz refletir exatamente sobre o que vivemos hoje. Essa necessidade de ser validado pelo outro, é que causa grande sofrimento. A essência do ser humano está se perdendo, a partir do momento que a preocupação gira em torno do que se aparenta ser ao invés do que se realmente é.

Maria Felicia 29 mar 2025

Perfeito! Muito atual!

Gleidson 29 mar 2025

Muito bom!

Felicia Carlos Felicia 29 mar 2025

Perfeito! O que vivemos hoje!

Maria de Fátima 29 mar 2025

Uma lamentável constatação! Sensacional!

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Themis do STF: A Deusa da Justiça ou Gladiadora? Por Aragão.

Themis, a deusa da Justiça, sempre foi representada segurando uma balança e uma espada. A balança simboliza o equilíbrio, a capacidade de pesar argumentos com isenção, distribuindo o direito conforme a medida de cada caso. A espada, por sua vez, representa a aplicação da lei—firme, necessária, mas controlada pela razão.

— Mas por que a Themis do STF não tem a balança? Somente a espada!

Se a Justiça que ali está representada nunca segurou a balança, será que, em sua outra mão, ela teria erguido uma lança? Uma arma de longo alcance, feita para atingir alvos distantes? Teria a Justiça ido longe demais?

A invasão ao Congresso e ao STF no dia 8 de janeiro foi um ataque grave às instituições democráticas. O Estado tem o dever de punir os responsáveis, porque, sem consequência, a democracia se enfraquece — Mas Justiça não é vingança. A condenação de 14 anos por uma pichação levanta um questionamento inevitável: estamos diante de uma aplicação justa da lei ou de um exemplo extremo para intimidar?

Se pichar uma estátua resulta em uma sentença comparável à de crimes hediondos, o que deveria acontecer com quem rouba bilhões dos cofres públicos? A Justiça não pode ser medida pelo impacto simbólico de uma decisão, mas pelo equilíbrio entre o ato e sua consequência. Quando esse equilíbrio se rompe, a toga se confunde com armadura, e o tribunal pode se converter, de fato, em uma arena.

— Tirou a venda e revelou uma visão míope?

A venda que cobria seus olhos nunca foi um sinal de cegueira, mas de imparcialidade. Ela não deveria enxergar rostos ou circunstâncias políticas — deveria apenas pesar atos e consequências. Mas a Themis que se apresenta hoje parece enxergar com nitidez apenas quem está perto e com distorções quem está mais distante.

Confiamos na Justiça, não porque seja perfeita, mas porque acreditamos que ela pode e deve se corrigir. A grandeza da Justiça não está na infalibilidade, mas na capacidade de reconhecer excessos e retomar o equilíbrio. Que Themis, mesmo sem ser infalível, reencontre sua balança, reajuste sua venda e prove que ainda é merecedora da nossa confiança.

— Porque quando a Justiça erra, ela não condena apenas um réu — ela condena a si mesma.

Comentários (10)

Orlando 28 mar 2025

O STF têm partido político,uma suprema corte era pra ser composta por juízes de carreira aprovado em concurso público,advogados de meia pataca indicado por políticos num país onde a corrupção não têm limites,tá tudo errado.

Edmilsonms61@gmail.com 27 mar 2025

O STF estar desacreditado uma vergonha para nosso país, antes do julgamento já sabemos as decisões e sentenças.

de Fátima veras 25 mar 2025

Genial..perfeito...sensacional!

Joan 25 mar 2025

A arma mais perigosa do Brasil é um batom que dá 14 anos de prisão.

Albanisa 25 mar 2025

Na verdade, os cargos do STF e do STJ teriam que ser ocupados através de concursos públicos como as demais instituições públicas E não por indicação presidencial. Porque assim sendo por indicação política vamos continuar com a (in)justiça onde só se mudam as moscas para o mesmo lixo.

HENRIQUE DE CARVALHO 25 mar 2025

Qual justiça? Parcialidade escancarada, desrespeito ao devido processo legal e à individualização da conduta, anomalia na identificação do crime e por aí vai. O país de joelhos e coagido pelo alexandrismo.

Fernanda 25 mar 2025

Excelente artigo. Você sabe como prender um leitor. Parabéns

Carlos 25 mar 2025

👏👏👏👏👏

Marília 25 mar 2025

Explicou com clareza o que está acontecendo.

Milton Azevedo 24 mar 2025

Sintetizou o pensamento de todos. Excelente

Carlos 25 mar 2025

👏👏👏👏👏

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Cadu não será candidato ao governo. Veja por quê. Por Aragão

Cadu tem prestígio. Como secretário de Tributação, foi peça-chave na gestão financeira do estado e conquistou a confiança da governadora. Sua projeção recente não é à toa: há um esforço para fortalecê-lo politicamente. Mas isso não significa que ele será o candidato ao governo. — Como assim?

Fátima Bezerra termina seu mandato com alta rejeição, e a promessa não cumprida de apoiar Walter Alves para sua sucessão gerou ruídos dentro da base. Além disso, o PT tem um histórico claro: para disputar cargos majoritários, tradicionalmente lança políticos com trajetória dentro da sigla, os chamados “petistas raiz”.

Sem um nome natural para a disputa, lançar Cadu como candidato ao governo poderia ser uma jogada para testar sua aceitação — Mas não é. Embora tenha baixa rejeição, boa circulação na imprensa e uma articulação eficiente, ainda assim, não teria chances contra a direita, que se fortalece, em parte, devido à política econômica sofrível do governo Lula e à atual gestão da governadora.

Então, por que o partido simplesmente não lança agora um nome tradicional? Porque isso abriria caminho para um bombardeio precoce. Se um petista de carreira fosse apontado hoje como sucessor de Fátima, a oposição teria tempo de sobra para desgastá-lo até as eleições, explorando a rejeição do governo com narrativas difíceis de reverter. Jogar Cadu no centro do debate pode ser uma forma de desviar a atenção enquanto os verdadeiros candidatos são trabalhados nos bastidores.

Lançar Cadu como “candidato” tira a pressão da esquerda por um nome e entrega à mídia alguém com baixa rejeição. A imprensa não o criticará intensamente porque se sabe que ele não teria chances reais. Mas o desdobramento disso é interessante: com essa grande exposição gratuita e sendo apresentado à esquerda pelos caciques do PT, Cadu se tornará um nome forte numa disputa para deputado estadual ou, quem sabe, federal. — Eis o verdadeiro objetivo dessa exposição planejada.

Se o PT lançar agora seu candidato real ao governo, como, por exemplo, Natália Bonavides, a mídia começaria a miná-lo desde já. E é justamente esse desgaste que o PT quer adiar ao máximo.

— Se este artigo de opinião é obra de ficção ou realidade, só o tempo dirá.

Foto: José Aldenir

Comentários (4)

Maria de Fátima 06 mar 2025

Constatação mais q lógica,perfeito!!

Marcelo Rochester 06 mar 2025

Análise perfeita. 👏👏👏👏

06 mar 2025

👏👏👏👏👏

Flávia R Sousa 06 mar 2025

Bom exercício de reflexão, bem colocado.

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Carnaval — Somos 210 milhões de músicos do Titanic. Por Aragão.

Quem esquece a cena impressionante do Titanic, em que, com o naufrágio em curso e em meio ao caos, os oito músicos entraram para a história ao simplesmente ignorar a realidade dramática que enfrentavam e continuar tocando?

Por aqui, navegamos em nosso Titanic verde e amarelo chamado Brasil. Somos 210 milhões de brasileiros que decidem sambar e tocar como se não houvesse amanhã. A economia naufragada, os preços pela hora da morte, o caos nos índices sociais e famílias se afogando em dívidas… e onde estamos? Na semana do Carnaval — pulando de alegria.

Seria isso alienação? Uma fuga necessária? Uma aceitação resignada do destino? Poderíamos questionar se não deveríamos, ao menos por um instante, largar os instrumentos e tentar nadar. Mas o brasileiro, de alguma forma, sempre encontra motivos para sorrir. Enquanto outros povos se afundam em desespero diante das adversidades, aqui a dor se converte em piada, a tragédia vira marchinha e a crítica social se disfarça em bloco de rua.

Dizem que a esperança é a última que morre. Mas, no Brasil, ela é enterrada pelos escárnios dos governantes e velada pela alegria do povo. Porque, se há algo que nunca morre por aqui, é a alegria. Essa, sim, é imortal.

Que povo extraordinário, capaz de transformar qualquer naufrágio em festa, qualquer tristeza em samba. Se faz tanto por uma alegria passageira, imagine o que poderia conquistar quando decidir lutar por uma alegria que dure para sempre.

Fotos: Divulgação/Internet

Comentários (6)

Jean 02 mar 2025

Você vive no mundo paralelo do BOZOLOEDISMO? Dê um Google para de se informar por banner de zap. 2 anos crescemos quase 7% mais que a média do mundo .

Jean Oliveira 02 mar 2025

Vocês estão falando do mundo invertido de Stranger Things? Emprego e Renda: • A taxa de desemprego atingiu 6,1% no final de 2024, a menor desde 2012, com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, estabelecendo um novo recorde. Além disso, foram criados 3,7 milhões de empregos com carteira assinada desde janeiro de 2023. • O salário mínimo foi reajustado de R$ 1.320 para R$ 1.412 em janeiro de 2024, seguindo a política de valorização adotada pelo governo. Crescimento Econômico: • O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9% em 2023 e 3,8% em 2024, impulsionado pela agropecuária, serviços e investimentos públicos. Combate à Pobreza: • Em 2023, a pobreza caiu de 31,6% para 27,4%, enquanto a extrema pobreza atingiu 4,4%, o menor índice desde 2012.  • Programas sociais, como o Bolsa Família, foram reforçados, beneficiando milhões de famílias e contribuindo para a redução da desigualdade social. Investimentos e Infraestrutura: • O governo lançou o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em agosto de 2023, prevendo investimentos de R$ 1,68 trilhão em áreas como saúde, educação, habitação e transporte até 2026.

Fabio 02 mar 2025

Excelente

Suely 02 mar 2025

👏👏👏👏👏

Flávio R Sousa 02 mar 2025

Triste (alegre para alguns) realidade

HENRIQUE DE CARVALHO 02 mar 2025

210 milhões - 1..... Alienação combinada com analfabetismo... Essa coisa de ser um povo alegre sob quaisquer circunstâncias é um eufemismo nocivo. Os ditadores conhecem e usam essas "característica" do brasileiro para, então, dar-lhe mais circo e ter o controle... Circo financiado por impostos, a propósito. O horizonte é sombrio e o naufrágio já começou há tempos.

Jean 02 mar 2025

Você vive no mundo paralelo do BOZOLOEDISMO? Dê um Google para de se informar por banner de zap. 2 anos crescemos quase 7% mais que a média do mundo .

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Enem. E só tem medicina?

O Brasil vive um paradoxo. Enquanto o mercado de trabalho em diversas áreas sofre com a falta de profissionais qualificados, os melhores talentos acadêmicos continuam a se concentrar em um único campo: a medicina. Não se trata apenas de vocação, mas de uma escolha racional baseada em um cenário econômico desolador. Em um país marcado pela estagnação econômica, altos índices de desemprego e a precarização de diversas profissões, a medicina surge como uma das poucas áreas que ainda oferece segurança financeira e prestígio social. Mas que tipo de sociedade estamos construindo ao canalizar quase todos os esforços para uma única profissão?

A engenharia é um exemplo claro de como o Brasil tem desperdiçado talentos. Dados recentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o Brasil tem um déficit de 75 mil engenheiros. Se investíssemos mais na indústria, entre tantas outras áreas, absorveríamos mais talentos. Afinal, uma indústria forte demanda mão de obra especializada, desde técnicos até engenheiros, cientistas e gestores.

— Brasil: Um país doente

O impacto dessa concentração de talentos na medicina vai além do mercado de trabalho. Ele afeta diretamente o desenvolvimento social e econômico do país. Quem vai desenvolver novas tecnologias? Quem vai educar as próximas gerações? Quem vai projetar as infraestruturas que sustentam uma nação?

Enquanto os melhores cérebros são direcionados para a medicina, a sociedade sofre com a ausência de talentos em áreas fundamentais. Isso cria um círculo vicioso: o Brasil continua dependente da importação de tecnologia e de soluções externas, enquanto suas próprias capacidades internas permanecem subutilizadas.

É evidente que o Brasil precisa de mais médicos, mas também é urgente que o país invista em engenheiros, professores, cientistas e tantos outros profissionais que sustentam o progresso de uma sociedade. A concentração de talentos em uma única área é o reflexo de um governo que não oferece alternativas e de uma economia que não inspira confiança.

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