O desempenho de alguns advogados de defesa no julgamento de Bolsonaro foi vergonhoso pela bajulação desmedida. Tenho certeza de que a corte não se envaidece; no máximo, pode se divertir com o entretenimento. É uma peça teatral ensaiada e planejada. Os atores? Alguns dos maiores advogados do Brasil. Infelizmente, o que pode parecer cômico é trágico, pois o advogado entrega um pouco de sua dignidade em oferenda aos deuses da justiça.
Faz parte? Não, não faz parte! É uma deformação do respeito, uma anomalia, uma mutação da referência que se faz liturgia.
É entretenimento puro para os ministros que assistem às apresentações também de contorcionismo da retórica, onde alongam uma simples cortesia até romper os tendões do bom senso. É dolorido e carrega uma tensão disfarçada.
Se fosse à noite, e os ministros estivessem nas sacadas, teríamos advogados dedilhando alaúdes — aqueles violões medievais em formato de pêra — e cantando serestas melosas, enquanto recitavam versos que fariam Shakespeare chorar de vergonha.
— Quem é o bobo da corte? Sou eu!
Penso verdadeiramente que seja eu mesmo. Pois acreditei que assistiria à força dos argumentos aliados à coragem baterem nas muralhas da intransigência das acusações até libertarem a justiça — independentemente do resultado que fosse.
— Quem é a testemunha? Você.
Todos nós. O país inteiro. Testemunhamos não apenas um julgamento histórico de réus e acusados, mas também o julgamento de advogados e juízes diante da opinião pública.
Comentários (2)
2 respostas para “O Vexame dos Advogados no STF. Por Aragão.”
Infelizmente o Brasil tem um judiciário, não apenas o STF, que julga mais pelos órgãos internos dos que carregam (fígado, umbigo, Bile, coração) a caneta do que a lei.
Chega a dar pena!