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E se Putin invadisse o RN? Por Aragão.

Imagine que, em um delírio geopolítico, Vladimir Putin resolvesse invadir nosso Estado. Logo de cara, os famosos tanques russos, como os T-14, teriam um desafio imbatível: as estradas do Rio Grande do Norte são capazes de deter qualquer veículo blindado com seus buracos e crateras estrategicamente distribuídos. Nada de mísseis antitanque; aqui bastam as chuvas de verão e o descaso governamental para garantir nossa defesa. — Nossas estradas tinham que servir para alguma coisa, não é mesmo?

Se a invasão fosse pelo mar, a Ponte Newton Navarro seria nosso escudo definitivo. Projetada de forma atabalhoada, ela simplesmente não permite a passagem de grandes embarcações — Entendeu por que não recebemos transatlânticos de turismo?

Voltando para a guerra, só restaria a invasão pelo ar com os caças supersônicos Mig-31 sobrevoando nosso RN. Em poucos minutos varreriam nosso estado — mas iriam aterrissar onde? Em São Gonçalo do Amarante? — NIET!!! Longe demais.

Mas digamos que, milagrosamente, eles conseguissem chegar até Natal. Ainda assim enfrentariam um desafio mais formidável: o trânsito infernal. Bastaria os invasores chegarem durante o horário de pico na Salgado Filho ou na Prudente de Morais para descobrirem que avançar alguns metros leva horas. Isso sem contar com manifestações surpresa em frente ao Midway. Nosso exército de flanelinhas e pedintes ajudaria na resistência e cercaria em segundos todo o comboio russo.

Outro problema inesperado seriam as guerrilhas das facções que dominam todo o estado. Em cada município, em cada bairro, haveria intermináveis confrontos. Nossa cidade é cercada de favelas por todos os lados.

À noite, quando pensassem que poderiam finalmente descansar, seriam surpreendidos com o MST/MLB ocupando o acampamento montado pelos russos. — Seria o assentamento da resistência.

Exaustos e atordoados, os russos tentariam fugir nadando, mas, sem resistência às bactérias presentes nas praias impróprias para banho, provavelmente tombariam em nossa orla. Os que escapassem se lembrariam dessa invasão inusitada com um misto de respeito e admiração: — Eis o povo mais forte e resistente sobre a face da terra.

— A nação que venceu Napoleão e Hitler não seria capaz de resistir a essa batalha diária que é sobreviver nas terras potiguares.

Foto: Alexander Nemenov/AFP

 

Comentários (8)

Flávio R Sousa 09 mar 2025

Hilário, se não fosse trágico. !!!

Nando 08 mar 2025

Simplesmente hilário

Romulo Leite 08 mar 2025

Parabéns! Ironia e humor na medida certa!!… uma na panorâmica do “pântano” no RN!!!

Roberto 08 mar 2025

Ótimo texto !!!! Diante dessa verdadeira catástrofe que é a situação do nosso estado, seria complicado essa “invasão Russa”. Rsrs

Alex 08 mar 2025

Rindo demais com a sua matéria, em tom de brincadeira, mostrando a nossa situação! Porque hipoteticamente a Rússia invade o RN, em 30 dias estaria resolvida e em 12 meses o RN já seria um novo estado, sonhar pelo menos podemos!!

Orlando 08 mar 2025

Em um breve resumo vc descreveu quase tudo em nosso estado infelizmente hj é a realidade

Fernanda 08 mar 2025

👏👏👏👏👏🥰

Diogo 08 mar 2025

Excepcional

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Cadu não será candidato ao governo. Veja por quê. Por Aragão

Cadu tem prestígio. Como secretário de Tributação, foi peça-chave na gestão financeira do estado e conquistou a confiança da governadora. Sua projeção recente não é à toa: há um esforço para fortalecê-lo politicamente. Mas isso não significa que ele será o candidato ao governo. — Como assim?

Fátima Bezerra termina seu mandato com alta rejeição, e a promessa não cumprida de apoiar Walter Alves para sua sucessão gerou ruídos dentro da base. Além disso, o PT tem um histórico claro: para disputar cargos majoritários, tradicionalmente lança políticos com trajetória dentro da sigla, os chamados “petistas raiz”.

Sem um nome natural para a disputa, lançar Cadu como candidato ao governo poderia ser uma jogada para testar sua aceitação — Mas não é. Embora tenha baixa rejeição, boa circulação na imprensa e uma articulação eficiente, ainda assim, não teria chances contra a direita, que se fortalece, em parte, devido à política econômica sofrível do governo Lula e à atual gestão da governadora.

Então, por que o partido simplesmente não lança agora um nome tradicional? Porque isso abriria caminho para um bombardeio precoce. Se um petista de carreira fosse apontado hoje como sucessor de Fátima, a oposição teria tempo de sobra para desgastá-lo até as eleições, explorando a rejeição do governo com narrativas difíceis de reverter. Jogar Cadu no centro do debate pode ser uma forma de desviar a atenção enquanto os verdadeiros candidatos são trabalhados nos bastidores.

Lançar Cadu como “candidato” tira a pressão da esquerda por um nome e entrega à mídia alguém com baixa rejeição. A imprensa não o criticará intensamente porque se sabe que ele não teria chances reais. Mas o desdobramento disso é interessante: com essa grande exposição gratuita e sendo apresentado à esquerda pelos caciques do PT, Cadu se tornará um nome forte numa disputa para deputado estadual ou, quem sabe, federal. — Eis o verdadeiro objetivo dessa exposição planejada.

Se o PT lançar agora seu candidato real ao governo, como, por exemplo, Natália Bonavides, a mídia começaria a miná-lo desde já. E é justamente esse desgaste que o PT quer adiar ao máximo.

— Se este artigo de opinião é obra de ficção ou realidade, só o tempo dirá.

Foto: José Aldenir

Comentários (4)

Maria de Fátima 06 mar 2025

Constatação mais q lógica,perfeito!!

Marcelo Rochester 06 mar 2025

Análise perfeita. 👏👏👏👏

06 mar 2025

👏👏👏👏👏

Flávia R Sousa 06 mar 2025

Bom exercício de reflexão, bem colocado.

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As Eleições Unimed e o Fim do Carnaval. Por Aragão.

É fato. Para o contragosto de alguns, acabou o Carnaval — hoje, é quarta-feira de cinzas. Agora, é tempo de planejar para construir, muito em breve, o futuro que o cooperado merece. — Acabou o Carnaval. É tempo de olhar para frente e erguer, com uma gestão comprometida com os resultados, uma nova Unimed.

— Investir no cooperado deve ser sempre o maior empreendimento da Unimed.

A Chapa 2 é oposição à atual gestão, mas a favor do hospital. Entretanto, será sempre contra a experiência da Chapa 1 em liberar pró-ratas que poderiam ser evitados. A parte excedente do hospital — que não será utilizada agora — não poderia ter sido modular? A estrutura que ficará ociosa não poderia esperar um pouco para ser construída por etapas?

A Chapa 2, da oposição, também tem se posicionado contra a experiência comprovada da gestão atual em não valorizar o cooperado. Também não concorda com a experiência inegável do presidente atual em buscar se manter no poder para além dos oito anos. Seria exagero pensar que a Chapa 1 é controlada pelo atual presidente? 

Nos últimos dias, a gestão atual tem apelado para ataques diretos à Chapa 2, numa estratégia que revela mais do que simples divergências: demonstra um claro temor da alternância no poder e uma tentativa de perpetuação de um mesmo grupo no comando da Unimed. Um ataque direto à pluralidade e à renovação.

— “A Unimed sou eu!”

Não, ninguém disse isso. Nem Luís XIV, nem o atual presidente da Unimed. Mas o que poderia aproximar ambos? Seria a dificuldade em aceitar a alternância de poder? O desejo de prolongar sua permanência na liderança? A resistência à pluralidade de ideias?

Pensemos juntos: a Chapa 1, do continuísmo, da situação, da manutenção, certamente apoiaria uma nova candidatura do atual presidente — novamente — daqui a quatro anos? Faz sentido para você? Infelizmente, o estatuto não impede esse tipo de manobra.

— Uma nova história para a Unimed Natal.

O cooperado sabe que um mesmo grupo, por mais experiente que se diga, quando permanece no comando por tempo excessivo, enfraquece a democracia. Se, no futuro, a chapa de Márcio Rêgo tentar seguir pelo mesmo caminho, não deve contar com o voto do cooperado.

— Acabou o Carnaval. Agora é trabalho.

— Uma Nova Unimed espera por você.

Comentários (5)

Sabrina 05 mar 2025

Os cooperados realmente precisa ser valorizados

Aparecida 05 mar 2025

Mais de 8 anos de gestão não existe. Vamos votar certo.

Alexandre 05 mar 2025

Que comece uma nova história

Marília 05 mar 2025

Maravilhoso esse artigo. Parabéns 👏👏👏👏

Maria de Fátima 05 mar 2025

Bem pensado!

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Carnaval — Somos 210 milhões de músicos do Titanic. Por Aragão.

Quem esquece a cena impressionante do Titanic, em que, com o naufrágio em curso e em meio ao caos, os oito músicos entraram para a história ao simplesmente ignorar a realidade dramática que enfrentavam e continuar tocando?

Por aqui, navegamos em nosso Titanic verde e amarelo chamado Brasil. Somos 210 milhões de brasileiros que decidem sambar e tocar como se não houvesse amanhã. A economia naufragada, os preços pela hora da morte, o caos nos índices sociais e famílias se afogando em dívidas… e onde estamos? Na semana do Carnaval — pulando de alegria.

Seria isso alienação? Uma fuga necessária? Uma aceitação resignada do destino? Poderíamos questionar se não deveríamos, ao menos por um instante, largar os instrumentos e tentar nadar. Mas o brasileiro, de alguma forma, sempre encontra motivos para sorrir. Enquanto outros povos se afundam em desespero diante das adversidades, aqui a dor se converte em piada, a tragédia vira marchinha e a crítica social se disfarça em bloco de rua.

Dizem que a esperança é a última que morre. Mas, no Brasil, ela é enterrada pelos escárnios dos governantes e velada pela alegria do povo. Porque, se há algo que nunca morre por aqui, é a alegria. Essa, sim, é imortal.

Que povo extraordinário, capaz de transformar qualquer naufrágio em festa, qualquer tristeza em samba. Se faz tanto por uma alegria passageira, imagine o que poderia conquistar quando decidir lutar por uma alegria que dure para sempre.

Fotos: Divulgação/Internet

Comentários (6)

Jean 02 mar 2025

Você vive no mundo paralelo do BOZOLOEDISMO? Dê um Google para de se informar por banner de zap. 2 anos crescemos quase 7% mais que a média do mundo .

Jean Oliveira 02 mar 2025

Vocês estão falando do mundo invertido de Stranger Things? Emprego e Renda: • A taxa de desemprego atingiu 6,1% no final de 2024, a menor desde 2012, com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, estabelecendo um novo recorde. Além disso, foram criados 3,7 milhões de empregos com carteira assinada desde janeiro de 2023. • O salário mínimo foi reajustado de R$ 1.320 para R$ 1.412 em janeiro de 2024, seguindo a política de valorização adotada pelo governo. Crescimento Econômico: • O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9% em 2023 e 3,8% em 2024, impulsionado pela agropecuária, serviços e investimentos públicos. Combate à Pobreza: • Em 2023, a pobreza caiu de 31,6% para 27,4%, enquanto a extrema pobreza atingiu 4,4%, o menor índice desde 2012.  • Programas sociais, como o Bolsa Família, foram reforçados, beneficiando milhões de famílias e contribuindo para a redução da desigualdade social. Investimentos e Infraestrutura: • O governo lançou o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em agosto de 2023, prevendo investimentos de R$ 1,68 trilhão em áreas como saúde, educação, habitação e transporte até 2026.

Fabio 02 mar 2025

Excelente

Suely 02 mar 2025

👏👏👏👏👏

Flávio R Sousa 02 mar 2025

Triste (alegre para alguns) realidade

HENRIQUE DE CARVALHO 02 mar 2025

210 milhões - 1..... Alienação combinada com analfabetismo... Essa coisa de ser um povo alegre sob quaisquer circunstâncias é um eufemismo nocivo. Os ditadores conhecem e usam essas "característica" do brasileiro para, então, dar-lhe mais circo e ter o controle... Circo financiado por impostos, a propósito. O horizonte é sombrio e o naufrágio já começou há tempos.

Jean 02 mar 2025

Você vive no mundo paralelo do BOZOLOEDISMO? Dê um Google para de se informar por banner de zap. 2 anos crescemos quase 7% mais que a média do mundo .

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A Perseguição de Paulinho Freire. Por Aragão.

Os opositores profissionais seguem uma perseguição implacável a Paulinho Freire. Ora, quem, em apenas 60 dias de governo, consegue apresentar resultados concretos? Herdando uma dívida colossal de mais de 800 milhões de reais, este é o momento de diagnosticar a situação, estruturar um planejamento estratégico e tomar decisões assertivas. Os frutos desse trabalho serão colhidos no tempo certo, com medidas bem pensadas e focadas na melhoria contínua do município. Mas, Paulinho já conseguiu colher alguns bons frutos como zerar a fila de espera nas creches. 

— A política do “quanto pior, melhor” não pode prevalecer.

Como estamos comprovando, a oposição vaia a engorda de Ponta Negra, vaia o carnaval, vaia as ruas e calçadas, mas não vaia o espelho. Sim, claro. Cobram os 10, os 20, os 40 e os 60 dias de Paulinho, mas esquecem de cobrar a governadora, que já está há mais de seis anos no poder. O RN vai bem? Sabemos que não. Mesmo com o apoio do presidente Lula, nosso estado amarga índices precários na educação, saúde e segurança. Nossas estradas merecem vaia? Nosso ensino médio da rede pública? E nossos hospitais? Isso, o Instagram da esquerda não mostra. O governo de Lula merece vaia ou não?

Para o bem da verdade, não precisamos desse antagonismo exacerbado — ele não constrói nada de bom. Críticas? Ok, fazem parte. Mas seria muito utópico pensarmos que um dia poderíamos construir uma cidade todos juntos, sem esticar tanto a corda?

Paulinho Freire deve dar continuidade ao trabalho iniciado com uma fé inabalável de que dias melhores virão. Trabalho sério, com determinação e profissionalismo, sempre alcança os grandes resultados.

— Vamos perseguir, juntos, o crescimento da nossa cidade?

Comentários (10)

Pollyanna Nunes 07 mar 2025

Paulinho não poderia mostrar outro trabalho… homem íntegro, com anos de carreira pública, conhecido por seu trabalho sério, com determinação e profissionalismo… e a esquerda: “minha gente… deixem de vexame, arrume as malas e deixem a gnt em paz…”

LEONARDO 28 fev 2025

Paulinho,trará um tempo novo,um tempo de avanço e prosperidade!

Marília 28 fev 2025

Viva Paulinho!

Mara 28 fev 2025

Ótimo artigo

Carlos 28 fev 2025

Boa explanação. 👏

28 fev 2025

👏👏👏👏👏👏

TIAGO 28 fev 2025

não esqueça que a dívida herdada ( recorde) foi da prefeitura que ele FEZ PARTE.

Alex 28 fev 2025

Como em sã consciência, alguém pode cobrar um prefeito, governador ou até presidente, algo em 60 dias. Isso só pode acontecer após os primeiros 12 meses de governo. Mas enfim, essa turma do contra que aí está já faz tempo, eu mesmo vi o inciar de muitos deles na década de 80, são os famosos defensores dos "pobres" com seus iPhones!

Romulo Leite 28 fev 2025

A “oposição” é profissional.. todos sabemos de onde parte, cuidadosamente planejada e executada. Como sua origem, não é legítima! Maturidade para compreender e executar o que pode ser realizado no tempo disponível é o que se deve perseguir. Assim, os “profissionais” perdem voz na mesma proporção em que resultados aparecem, não pela insistência deles, mas justamente por os ignorar. Ótimo dia!

Socorro melo 28 fev 2025

Sábias palavras ... o povo precisa de ação e não de ideologias baratas, isso não coloca o pão na mesa dos nossos filhos ... o município vem fazendo o quê o estado se nega a fazer, cumprir o seu papel.

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MÁFIA: A incrível história da Cosa Nostra no RN. Entenda. 

Como a máfia siciliana enraizou suas operações em nosso estado? Investimentos que ultrapassam 800 milhões de reais no mercado imobiliário foram realizados por meio de uma engenhosa máquina de transferir e lavar dinheiro. A Cosa Nostra deixou no Rio Grande do Norte um rastro de golpes milionários, fraudes cartorárias, corrupção, grilagem de terras e dois assassinatos. Bem que poderia ser o roteiro de um filme policial, mas é um artigo que você começa a ler agora.

Era quase noite em Palermo, capital da Sicília, quando dois jovens, um deles com uma faca, entraram em uma pequena loja de produtos de limpeza na Via Altofonte. Depois de renderem os funcionários, os assaltantes levaram 4,5 mil euros que estavam na caixa registradora. Era 29 de agosto de 2019. Cinco dias depois, no mesmo horário, novo roubo na mesma loja: dois rapazes, fingindo estarem armados, levaram mais 2,8 mil euros.

O caminho natural do dono da loja seria procurar a polícia. Mas não foi o que aconteceu. Francesco Paolo Bagnasco preferiu telefonar para Giovanni Caruso, um membro da Cosa Nostra, organização mafiosa que desde o século XIX controla boa parte das relações socioeconômicas na Sicília. Ao analisarem imagens captadas por uma câmera de vídeo, os mafiosos identificaram três assaltantes (um deles havia participado dos dois roubos).

Na tarde de 7 de setembro, quatro dias após o segundo assalto, os três ladrões foram sequestrados e levados para um galpão. Caruso notificou o seu chefe, Giuseppe Calvaruso, bem como o dono da loja, e os três foram até o cativeiro, onde assistiram ao brutal espancamento dos assaltantes. Horas depois, Caruso descreveu, para outro membro da máfia, a face de um dos assaltantes, dizendo que parecia uma “peneira”. O dinheiro roubado foi devolvido a Francesco Bagnasco.

Sete meses depois, em abril de 2020, Bagnasco e outros cinco empresários recorreram a Calvaruso para adquirir nove partes de um grande armazém. Coube à máfia afastar outros pretensos concorrentes na compra do imóvel. Em troca, a Cosa Nostra exigiu uma taxa total de 90 mil euros – 40 mil a serem pagos apenas por Bagnasco por ele ter adquirido quatro partes do armazém. Foi a vez do empresário e seus sócios sentirem na pele a ira da máfia palermitana.

Em telefonema captado pela polícia italiana, Calvaruso ordenou que Caruso exigisse o dinheiro dos empresários antes que o negócio fosse formalizado em cartório. “Não tenha piedade”, disse o chefe. Bagnasco pagou, mas apenas uma parte – 15 mil euros. Em dezembro de 2020, Calvaruso reforçou as ameaças. “Se eles não me derem o dinheiro, tudo pode acontecer”, disse a Caruso. Em fevereiro de 2021, duas semanas antes da formalização do negócio no cartório, o chefe mafioso aumentou o tom das ameaças. “Se alguém ousar fazer a escritura sem ter pagado, não deixe ir ao cartório e meta um revólver na boca dele”, ordenou. Calvaruso falava de um lugar muito distante de Palermo, do outro lado do Oceano Atlântico – mais precisamente, de Natal, no Rio Grande do Norte.

Parte do dinheiro extorquido dos empresários custeou as despesas de familiares dos membros da Cosa Nostra que estão presos. Outra parte foi enviada ao Rio Grande do Norte, onde, ao longo de dezessete anos, sob o comando de Calvaruso, a máfia siciliana investiu 800 milhões de reais no mercado imobiliário por meio de uma engenhosa máquina de transferir e lavar dinheiro. Durante esse tempo, a Cosa Nostra deixou no estado nordestino um rastro de golpes milionários, fraudes cartorárias, corrupção, grilagem de terras e dois assassinatos.

Giuseppe Calvaruso tem cabelos castanho-claros, repartidos ao meio, e baixa estatura, o que lhe rendeu o apelido, entre os mafiosos sicilianos, de u curtu (o curto, literalmente, ou o baixote). Em 47 anos de vida, a maior parte atuando como empresário da construção civil, adquiriu o respeito da cúpula da Cosa Nostra, sobretudo depois de ter ajudado na fuga de Giovanni Motisi, no fim dos anos 1990. Motisi foi um dos mais sanguinários assassinos de aluguel de Salvatore “Totò” Riina, mafioso que aterrorizou a Sicília e foi o mandante dos assassinatos, em 1992, dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, responsáveis pelo Maxiprocesso de Palermo. Em 1993, Riina foi preso. Morreu em 2017, aos 87 anos.

Cada município da Sicília (ou, no caso das maiores cidades, cada bairro ou distrito) possui um líder mafioso, chamado capomandamento (mandamento é uma região controlada por determinado clã criminoso). Antonino Rotolo, o capomandamento de Pagliarelli, está preso desde 2006. Quem o substitui desde 2015 é Calvaruso, mas na condição de “regente”, como se chama o líder temporário. Em conversa interceptada pela polícia italiana, o regente disse ter à disposição cerca de 1 bilhão de dólares para investir.

Em fevereiro de 2009, Pietro Ladogana, um homem alto de queixo anguloso que, para a PF, era testa de ferro da Cosa Nostra, desembarcou em Natal. Na capital potiguar, ele fundou três empresas do ramo imobiliário, com um capital social total de 3,8 milhões de reais, e casou-se com Tamara Maria de Barros. A brasileira seria usada como laranja pelo italiano, que colocou no nome dela boa parte dos imóveis que adquiriu. 

Mas Ladogana também começou a grilar terras com o uso da violência. Chegou a criar uma milícia formada por policiais militares para expulsar moradores em Extremoz, município na Região Metropolitana de Natal, onde contava com a ajuda do então tabelião do cartório local e ex-prefeito João Soares de Souza, e de servidores da prefeitura para falsificar documentos que garantissem a posse dos imóveis. Quando o então secretário de Tributação de Extremoz Giovanni Gomes contrariou os interesses do esquema, Ladogana ordenou que um dos PMs de sua milícia, Alexandre Douglas Ferreira, “desse um susto nele” – como a mulher do mafioso contou à Polícia Civil. Gomes levou um tiro de raspão na perna quando saía da festa de formatura do filho, em uma noite de agosto de 2013.

No caso de outro desafeto, o desfecho foi trágico. O empresário italiano Enzo Albanese, que dirigia um time de rugby em Natal e não tinha relações com a Cosa Nostra, descobriu as fraudes fundiárias de Ladogana, bem como desvios de parte do dinheiro da máfia para o próprio bolso, e ameaçou denunciar tudo à polícia. Em março de 2014, Albanese foi ameaçado de morte, caso ousasse delatar seus esquemas. Mas ele não recuou. Em 2 de maio do mesmo ano, ele fechava o portão de entrada de sua casa quando o policial Ferreira se aproximou em uma moto e atirou. O italiano morreu no local. Um mês depois, a Justiça de Natal decretou a prisão preventiva de Ladogana, que foi detido no aeroporto de Roma, onde tentava embarcar para o Brasil com 120 mil euros escondidos na roupa. Acabou liberado meses depois, na Itália, e ficou no país natal. Tempos depois, recebeu uma pena de catorze anos de reclusão, que ele cumpre na penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Ferreira não chegou a ser julgado – a Justiça o considerou inimputável, depois que foi diagnosticado com esquizofrenia.)

Em 2016, Calvaruso iniciou o processo de troca do operador da lavanderia de dinheiro da máfia no Brasil. Recorreu então ao empresário Giuseppe Bruno (foto no início do artigo), cuja família lavava dinheiro para a máfia desde os anos 1990 na construção civil da Sicília, de acordo com a polícia italiana.

Em Natal, Bruno e Calvaruso investiram 830 mil euros na compra de novas áreas nos arredores de Natal, inclusive uma fazenda que seria transformada em loteamento com perspectivas de ganhos milionários. “Gostaria de salientar que estamos falando de 180 hectares, onde há a possibilidade de construir cerca de 7.500 casas, que por 100 mil reais são 750 milhões de reais de faturamento, com um lucro residual de mais de 50%…”, escreveu Bruno, por e-mail, a um integrante da máfia na Sicília. No total, segundo o Ministério Público Federal, a máfia adquiriu 76 imóveis no Brasil.

Certo dia, em um shopping de Ponta Negra, local abastado da cidade, Bruno conheceu Sara da Silva Barros, de 37 anos de idade. Logo, ela se tornaria não só a mulher de Bruno, como sua testa de ferro preferida, já que não tinha antecedentes criminais. “Sara é cem por cento limpa”, escreveu ele para Calvaruso, por WhatsApp. Foi em nome dela que Bruno e Calvaruso montaram a pizzaria e cafeteria Italy’s, na orla de Natal. 

O policial e advogado Carlos Menezes conheceu Bruno em 2016, quando o italiano e Nino Spadaro foram até a Delegacia de Apoio e Assistência ao Turista (Deatur), em Natal, onde o então agente trabalhava, para fazerem um boletim de ocorrência contra João Soares de Souza, tabelião do cartório de imóveis de Extremoz, e seu filho, Gustavo Eugênio Costa de Souza. Segundo Bruno, o tabelião e o filho haviam falsificado a escritura de uma área de 29 hectares adquirida pela empresa Tecnobloco Construções Ltda., da qual o italiano se dizia sócio e procurador, para revendê-la a terceiros por 16 milhões de reais.

Por causa do alegado prejuízo pela perda do terreno, Bruno e Spadaro passaram a pressionar o tabelião, que se comprometeu a pagar 1,2 milhão de reais e a entregar outra área a eles. Mas Souza só pagou 150 mil reais, e os italianos descobriram que os documentos da área oferecida eram falsos.

Na discussão com os italianos, o tabelião ameaçou Bruno e seu advogado com um revólver, dentro do cartório de Extremoz, o que motivou um segundo boletim de ocorrência contra Souza, agora por ameaça, registrado pelo então policial Menezes no fim de 2017, na mesma Deatur. A aproximação com o policial fez com que este fosse convidado a trabalhar como segurança para a viagem que a mãe de Bruno fez da Itália ao Brasil.

Em março do ano seguinte, Souza e o filho foram denunciados à Justiça por estelionato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusados de uma série de fraudes documentais. Souza morreu um mês depois, de causas naturais. Gustavo, seu filho, foi absolvido. Sem saída, Bruno ingressou com ação na Justiça contra o tabelião e o filho, e a 1ª Vara de Extremoz condenou o espólio de Souza e também Gustavo a indenizarem Bruno em 22 milhões de reais.

Retornando ao Brasil em 2019, Calvaruso, regente da Cosa Nostra, acelerou os investimentos da máfia. Concluiu a construção de uma casa dentro de um resort em Bananeiras, interior da Paraíba; comprou dois apartamentos em Cabedelo, município vizinho a João Pessoa; adquiriu duas empresas em Natal (uma delas dona de imóveis avaliados em quase 4 milhões de reais, no total) e fundou a pizzaria Italy’s. 

Em 2021, os primeiros policiais italianos desembarcaram em Natal para rastrear o patrimônio amealhado pela máfia e seguir de perto os passos de Giuseppe Bruno.

No ano seguinte, em maio, o governo italiano decidiu solicitar formalmente um acordo de cooperação com o Ministério Público Federal (MPF) brasileiro para “a obtenção de dados confiáveis sobre rastreabilidade dos grandes fluxos financeiros movidos da Itália para o Brasil e informações sobre bens atribuídos a Giuseppe Calvaruso e outros”. A investigação do MPF, da PF e da Receita Federal, iniciada em outubro de 2022, não só confirmou os dados já investigados desde a Itália como encontrou novas suspeitas sobre o patrimônio do trio Calvaruso-Ladogana-Bruno no Rio Grande do Norte. 

Em novembro de 2023, a PF encaminhou à Justiça os pedidos de prisões preventivas e de buscas. Em poucas semanas as requisições foram acatadas pela 14ª Vara Federal de Natal, mas a operação tinha de ser deflagrada ao mesmo tempo no Brasil e na Itália, onde havia outros participantes do esquema mafioso. A Justiça italiana demorou a conceder os pedidos de prisão (só o fez em agosto de 2024).

Bruno foi preso na manhã de 13 de agosto de 2024. No mesmo dia, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo prendeu na Itália a mãe dele, Rosa Simoncini. No Brasil, nove pessoas, incluindo Calvaruso, Bruno e sua ex-mulher, Ladogana, sua ex-mulher, Tamara Barros, e a atual, Regina Souza, são réus em ação penal, ainda não julgada, na 14ª Vara Federal de Natal, acusados de associação criminosa e lavagem de dinheiro. Em dezembro passado, o inquérito da polícia italiana seguia em andamento.

O advogado de Calvaruso na Itália, Michele Giovinco, disse à revista piauí que a Justiça ainda não provou a responsabilidade do réu na suposta extorsão aos compradores do armazém na via Altofonte, em Palermo, nem na lavagem de dinheiro na compra e venda de imóveis no Brasil. “Não há provas processuais nas investigações italianas de transferência de dinheiro de Hong Kong ou Cingapura, nem para a Itália e nem para o Brasil”, afirmou.

Em nota, a defesa de Ladogana informou apenas que o patrimônio dele no Brasil “foi adquirido com muito trabalho” e que o empresário nunca teve envolvimento com a Cosa Nostra. Nino Spadaro não quis se manifestar. A defesa de Bruno não foi localizada.

A última ponta solta dos esquemas da máfia siciliana no Rio Grande do Norte é o assassinato de Carlos Antonio Lopes da Silva, o taxista que se tornou laranja de Pietro Ladogana e era dono formal de duas empresas e de dezenas de imóveis no estado. Mesmo depois da prisão do italiano, em 2019, Silva continuou próximo dele – era uma das pessoas autorizadas por Ladogana a visitá-lo na prisão em Alcaçuz.

Na noite de 1º de março de 2023, Silva dormia em sua casa no bairro Pitangui, em Extremoz, com a mulher e as duas filhas do casal, quando ouviu a porta da entrada sendo arrombada. Pegou um bastão e conseguiu atingir um dos invasores, mas acabou levando sete tiros de pistola de outro criminoso. Morreu ao lado da sua cama.

A principal suspeita da polícia é que Silva tenha sido morto a mando de um empresário potiguar que teria grilado parte dos terrenos da Cosa Nostra no estado. Responsável pelo inquérito, o delegado André Kay, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Ceará-Mirim, não revela a identidade do suspeito para não atrapalhar as investigações. Passados quase dois anos do crime, o inquérito ainda não foi concluído.

Fonte: Revista Piauí. Allan de Abreu.

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Carlos 27 fev 2025

😱😱😱

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Carnaval, sim! Mas sem farra com dinheiro público. Por Aragão.

Festas faraônicas de Carnaval sempre me pareceram uma forma de o poder público fantasiar o cidadão de feliz. Fazem, literalmente, um Carnaval com o nosso dinheiro. Mas sabemos que não temos tantos motivos assim para comemorar.

Não que o Carnaval seja culpado pelos nossos problemas — claro que não. Pode estimular o turismo e o comércio. Mas é intolerável que rios de dinheiro sejam gastos com folia enquanto há escassez enorme na saúde, na educação, no saneamento e na segurança. Se uma cidade quer oferecer alegria real, deve conter os grandes excessos no Carnaval e direcionar a verba para solucionar nossos verdadeiros problemas — escolas, postos de saúde, ruas, calçadas e tantas outras prioridades.

— A alegria deve ser sem limites. O orçamento com festas, não!

Este é um bom momento para que a gestão municipal mostre que está no caminho certo, buscando a verdadeira alegria para o cidadão — promovendo um Carnaval sem excessos, adequado ao nosso momento, e investindo no que realmente importa. Aí sim, ao percebermos a cidade caminhando rumo ao equilíbrio orçamentário e seguindo uma meta de desenvolvimento sustentável, teremos motivos mais que suficientes para pularmos de alegria. Bom carnaval!

Comentários (4)

Albanisa 26 fev 2025

Excelentes mesmo, porque o ano passado de eleição municipal, o pão e circo estiveram presentes o ano inteiro com muitas festas e shows promovidos pela PMN.

26 fev 2025

Como sempre excelente

Marilia 26 fev 2025

👏👏👏👏👏👏

Romulo 26 fev 2025

Bom dia, Amigo! Oportunas considerações… Excelente dia!!

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Nem Caiado nem Michelle. Por que Tarcísio é o melhor nome em 2026? Por Aragão.

Com Jair Bolsonaro inelegível e na iminência de ser preso, a direita pode se dar ao luxo de perder tempo fragmentando-se diante das possíveis escolhas para 2026? Alguém aqui acredita mesmo que ele não terminará preso nesse processo?

Se o objetivo é vencer e oferecer uma alternativa viável à reeleição de Lula ou à ascensão de um sucessor petista, a direita precisa de um nome que alie credibilidade, experiência e capacidade de expansão eleitoral. Esse nome existe — e é Tarcísio de Freitas.

— Michelle Bolsonaro — Apenas carisma não é suficiente

Michelle Bolsonaro, sem dúvidas, conquistou um espaço importante no imaginário da base bolsonarista. Sua defesa de pautas conservadoras e sua identidade cristã a tornam uma figura respeitada entre o eleitorado mais fiel ao ex-presidente. No entanto, ser primeira-dama e ser chefe de Estado são desafios completamente distintos.

Governar o Brasil exige habilidade para lidar com crises, experiência em gestão pública e capacidade de negociação com o Congresso. Michelle não possui nenhuma dessas credenciais. Além disso, sua candidatura teria enorme dificuldade para atrair eleitores moderados, que muitas vezes são decisivos no segundo turno.

Ao insistir na viabilidade de Michelle, Bolsonaro pode estar desperdiçando tempo e capital político que poderiam ser empregados para fortalecer um nome mais competitivo.

— Ronaldo Caiado — Um nome forte, mas com limitações

Ronaldo Caiado é um nome tradicional da direita. Médico, ruralista e ex-senador, construiu uma trajetória política respeitável e hoje governa Goiás com uma base sólida de apoio — conseguiu reduzir significativamente a criminalidade. No entanto, enfrenta um entrave jurídico significativo: foi declarado inelegível por oito anos pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) por abuso de poder político nas eleições de 2024.

Mesmo que consiga reverter essa decisão, Caiado enfrenta outro problema: seu perfil tem pouca penetração fora do agronegócio e de Goiás. Sua capacidade de agregar votos em centros urbanos e entre setores mais amplos da direita é limitada.

— Tarcísio de Freitas — Vinde a mim os isentões!

Dentre os nomes disponíveis, Tarcísio de Freitas se apresenta como a melhor opção da direita para 2026. Com um histórico técnico e administrativo incontestável, ele reúne características que poucos candidatos podem oferecer.

Além disso, possui grande capacidade de expansão eleitoral — e é aqui que entra o voto dos moderados. O termo “isentão” deveria ser abolido e substituído por “moderado”, pois a direita precisa se tornar atrativa para esse grupo que pode decidir uma eleição.

Pois bem, Tarcísio consegue conquistar esses eleitores com mais facilidade — e sem eles, é quase impossível vencer uma eleição presidencial.

— Não basta vencer as eleições, é preciso fazer o Brasil renascer

Tarcísio tem experiência de gestão pública, algo que se tornou ainda mais evidente durante sua passagem pelo Ministério da Infraestrutura, onde entregou projetos estruturantes e consolidou sua credibilidade nacional. Como governador de São Paulo, vem mostrando governabilidade e pragmatismo, mantendo uma gestão equilibrada e eficiente.

Além disso, sua capacidade de diálogo com o setor produtivo é um ativo valioso. Empresários e investidores enxergam nele um líder confiável, o que fortalece seu apelo econômico e amplia sua aceitação além da base bolsonarista tradicional.

— Vamos continuar perdendo tempo com disputas internas enquanto a esquerda segue unida?

Comentários (3)

Ricardo 25 fev 2025

Concordo plenamente.

Ricardo Cunha 25 fev 2025

Parabéns pela clarividência do texto.

Ricardo Cunha 25 fev 2025

Concordo plenamente. Em gênero, número e grau 👏👏👏

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O Brasil é uma Carreta Sem Freios: O Desrespeito Mata Médico no Trânsito. Por Aragão.

Hoje, uma mãe perdeu um filho. Uma esposa perdeu um marido. Filhos perderam um pai. Amigos perderam um amigo. Entre tantas perdas, todos nós perdemos como sociedade.

Mais um ciclista morto pedalando pelas ruas de Natal, esmagado por uma carreta. Amanhã, poderá ser qualquer um de nós — ciclistas, pedestres ou motoristas.

— O que aconteceu não foi um acidente. Foi uma consequência.

Aqui, não se respeita o ciclista, que sai para treinar ou ir ao trabalho e volta em um caixão. Não se respeita o pedestre, que precisa correr para atravessar a faixa. Não se respeita o motorista, que paga impostos caros para trafegar em estradas esburacadas.

O problema não é apenas a imprudência. É a cultura da impunidade, que transforma vidas perdidas em estatísticas frias nos mais variados segmentos. Se pensarmos bem, no Brasil não se respeita o consumidor, não se respeita o eleitor, não se respeita o contribuinte. Resumindo, não se respeita o cidadão.

As leis de trânsito são claras. O Código de Trânsito Brasileiro diz que o ciclista tem prioridade sobre veículos maiores. Mas, na prática, a lógica é inversa: o menor que saia do caminho, o maior que passe como quiser.

Quem pedala em uma cidade brasileira sabe que está vulnerável. Motoristas ignoram a distância mínima de segurança, fecham ultrapassagens e aceleram como se a pressa justificasse a indiferença.

— A Impunidade Nos Torna Cúmplices

Se um motorista atropelar um ciclista hoje, o que acontece? Talvez um boletim de ocorrência, algumas manchetes e, em poucos dias, tudo volta ao normal. A cada ano, milhares morrem no trânsito, e quantos motoristas realmente respondem por isso?

E quando um caso como o de hoje acontece, a indignação dura até o próximo atropelamento. Cada vez que um ciclista morre, a manchete se repete. Cada vez que um motorista foge sem prestar socorro, a história se repete O motorista de hoje não fugiu, mas, geralmente, fogem.

O trânsito brasileiro não é caótico por acaso. Ele reflete exatamente o que somos como sociedade. Quantos Araken Britto teremos que perder para evoluirmos como nação?

Comentários (10)

Marcelo 25 fev 2025

Faz todo sentido seu desabafo é vc foi cirurgico em sua abordagem - falta de educacao, respeito é um largo amparo dá impunidade que comeca no topo!

Julio Costa 25 fev 2025

Triste realidade !

jorge 24 fev 2025

Brilhante o seu artigo ! O caos é aqui, no Brasil

Marcelo 25 fev 2025

Faz todo sentido seu desabafo é vc foi cirurgico em sua abordagem - falta de educacao, respeito é um largo amparo dá impunidade que comeca no topo!

Jedra 24 fev 2025

Nós co Muito oportuno comentários sobre riscos de pedalar no único local disponível - ruas e estradas. Enquando os políticos dão pedaladas nas emendas parlamentares enriquecendo e “lavando a burra”

Ronaldo 24 fev 2025

Perfeito, uma triste realidade da nossa sociedade ! Não valoriza o maior bens, que é a Vida.

Albanisa 24 fev 2025

Até quando vamos continuar "banalizando" esses fatos ocorridos, cada vez mais, em nossos dia a dia. Que lástima!

Paulo Ferraz 24 fev 2025

Carro, moto, caminhão, ninguém respeita ciclista. Acha que alí vai um monte de alumínio e não uma vida. Lamentável. Os carros, motos, caminhões, desviam de um buraco, param em uma lombada, mas não respeitam a distância mínima de segurança nem a velocidade mínima recomendada

Marília 24 fev 2025

Excelente artigo. Absurdo esse acontecimento.

Carlos 24 fev 2025

Absurdo. Perda enorme para todos nós.

Sabrina 24 fev 2025

👏👏👏👏👏👏

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Márcio Rêgo e Carla Karini — Uma nova Unimed está chegando. Por Aragão.

“As pesquisas nos colocam em plena vantagem — isso é ótimo. Mas a melhor pesquisa acontece quando encontramos os médicos cooperados nos hospitais, clínicas, consultórios, centros cirúrgicos e nos unimos no sentimento de otimismo pela certeza da mudança que se aproxima. São centenas de mensagens de entusiasmo que recebemos, até de quem nunca esperávamos. Não existe clima de ‘já ganhou’, mas, a cada dia, a certeza da vitória se torna mais tranquila — é a onda da mudança chegando.” — afirmou um médico cooperado.

— O forte diferencial é que a Chapa 2 não tem apenas uma campanha, tem uma causa: trabalhar por uma Unimed livre, democrática e transparente. 

Somente a união que se forma em torno dessa causa tem encorajado o desafio ao poder estabelecido, que parece tão decidido ao continuísmo no controle absoluto dos rumos da Unimed. A gestão atual tem demonstrado não medir esforços para que isso se viabilize.

Até que ponto esse “sentimento de posse” pode ser benéfico para a Unimed? Sua presença na Chapa 1 não seria um terceiro mandato velado? — É preciso mudar isso.

O atual presidente implantou o Conselho de Ética e achou por bem fazer parte do conselho e, ainda, achou por bem também escolher os outros dois participantes. O presidente não deveria se abster? Como um órgão pode ser imparcial sob tais condições? — É preciso mudar isso.

Falando em ética, você, médico cooperado, vem percebendo a mídia atual da Unimed como uma propaganda quase explícita da Chapa 1? A prestação de contas se confunde com uma campanha publicitária pró-Chapa 1? — É preciso mudar isso.

E tem mais. Seria ético o aumento na remuneração para algumas especialidades médicas justamente às vésperas da eleição? Os reajustes não deveriam ocorrer independentemente de eleições? — É preciso mudar isso.

É condizente com uma gestão sensata e equilibrada inaugurar um hospital com vários andares vazios, sacrificando a saúde financeira da Unimed? — É preciso mudar isso.

A propaganda da Chapa 1 insiste em mostrar tanta pujança financeira. Então, o que justifica as tabelas de especialidades e procedimentos dos cooperados estarem tão desatualizadas? — É preciso mudar isso.

É preciso mudar tanta coisa. O médico cooperado sabe que esperou oito (8) longos anos da gestão atual para ter a justa valorização e a redução dos custos administrativos. É justo receber novas promessas para atender antigas demandas? Demandas proteladas que nunca foram prioridade, pois, se assim fossem, não seriam proteladas.

— Não se pode pensar em mudança e em continuísmo ao mesmo tempo — é um contrassenso.

O curioso é que a chapa de Ricardo Queiroz, que representa a situação e o continuísmo, está apresentando propostas de oposição claramente inspiradas nas da Chapa 2, que é a verdadeira oposição. Este é mais um contrassenso que só prosperaria se o cooperado fosse ingênuo.

— Qual a mensagem os cooperados passarão às futuras gestões no dia 31 de março quando votarem na Chapa 2? Se não houver valorização, isonomia e transparência, nós mudaremos!

Uma das maiores mudanças da nova Unimed é que a gestão proposta por Márcio Rêgo será democrática e para todos! Apesar das dificuldades inerentes a uma disputa tão desigual, quando assumir a direção, fará uma gestão plural, pois não vê inimigos, apenas adversários momentâneos que hoje disputam a eleição, mas que amanhã devem trabalhar juntos pelo futuro da Unimed. — Isso faz a diferença.

É possível fazer uma nova Unimed livre, democrática e transparente por meio de propostas que valorizem o cooperado, reduzam os custos administrativos e garantam uma gestão plural?

— “Yes, we can!”

Comentários (9)

Pedro Paulo 23 fev 2025

É preciso mudar isso! 👏👏👏👏

Albanisa 23 fev 2025

Sim, nós pudemos! Muda UNIMED!

Alex 23 fev 2025

Liberdade, democracia e transparência em uma mesma frase, já me deixa preocupado a vaidade do ser humano e a sede de poder prova o contrário. O melhor que poderia acontecer, ninguém votar e realmente fazer mudanças na cooperativa, com a formação de um conselho independente e a criação em comum acordo de um administrador para tocar a empresa com metas a ser realizadas. Tipo um modelo, onde tem o primeiro ministro e um presidente, cada um com a suas atribuições!

Giovanna 23 fev 2025

👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼 Disse tudo! Excelente reflexão.

Kleber 23 fev 2025

Queremos mudança.

Fe 23 fev 2025

Esclarecedor. Ta na hora de votar certo. 👏👏👏👏

Carlos 23 fev 2025

Yes, we can!

Chico 23 fev 2025

Excelente

Marilia 23 fev 2025

👏👏👏👏👏

Carlos 23 fev 2025

Yes, we can!

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