Num dia, há quem comemore a morte de um Papa. No outro, há quem aplauda a intimação de um homem internado em uma UTI. Em comum, a desumanização.
A política brasileira atravessa o que talvez seja seu momento mais cruel: a dessensibilização do outro.
As redes sociais mostram que não importa se alguém está debilitado, morrendo ou orando.
Se estiver do “lado errado”, que apodreça, que desapareça, que sofra — e, se amanhã for torturado, mereceu. — É isso mesmo?
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi intimado formalmente enquanto se recuperava de uma cirurgia, em um leito de terapia intensiva. O motivo alegado? Ele apareceu em uma live.
Mas entre aparecer alguns minutos e elaborar uma defesa sob risco de prisão, há um abismo.
Uma live não exige concentração contínua, nem horas de raciocínio extenuante.
Uma defesa com a própria liberdade em jogo, em apenas cinco dias, exige — e muito.
Ainda mais de quem está costurado e sob sedação em uma UTI, onde se luta pela vida.
E, convenhamos: o que está em jogo não é apenas a legalidade do gesto.
É o significado simbólico de fazê-lo na UTI.
Como se dissesse: “você pode estar fragilizado, mas ainda assim não merece compaixão”.
É o mesmo espírito que fez com que alguns comemorassem abertamente a morte do Papa Francisco, não por convicção, mas por cálculo — porque, em algum momento, ele teria desagradado a sua bolha. — Existe sede por sangue? O que podemos esperar?
Se um Papa pode ser reduzido a inimigo político, qual é o limite?
Se um adversário pode ser intimado em estado clínico vulnerável, o que mais estamos dispostos a normalizar?
Vivemos a era da razão convertida em revanche.
Da falta de respeito pelo ser humano.
E da justiça que, quando perde o senso de proporção, perde também a legitimidade que sustenta sua autoridade.
Hoje foi Bolsonaro.
Ontem foi o Papa.
Amanhã, será quem?
Porque quando a civilização aplaude a humilhação em nome da justiça,
ela deixa de ser civilização — e vira uma seita.
Comentários (4)
4 respostas para “A Quando uma UTI vira palco dos horrores. Por Aragão.”
Nosso país está entregue nas mãos de bandidos. E o lema deles parece que é o tal de “perdeu, playboy”, pois eles fazem o que querem, quando querem, e nem fazem mais questão de esconder os absurdos. Só Nosso Senhor Jesus para nos salvar.
Falou a verdade que muita gente gostaria de gritar para o mundo. Parrem que eu quero descer!!! O mundo afunda cada vez mais na maldade. Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós.
Amanhã será qualquer um….
Menos os deuses assim auto intitulados e homologados pela rede de analfabetos que os adoram.
Sociedade doente, subserviente, congelada e conduzida pelas suas ideologias apodrecidas.
Mas, importante é que se recebam as bolsas, fantasias de carnaval, as garrafas de cerveja e que o futebol não falte.
Isso foi o cúmulo do absurdo!!!!! Nem sabia q uma atitude assim,fosse permitida, dentro de um quadro dessa complexidade.
Oremos!!!!