Os números provavelmente fabricados em planilhas da economia brasileira até que tentam sorrir. Mas o povo não sorri de volta. O Produto Interno Bruto cresceu 3,4% em 2024, a taxa de desemprego caiu para 6,6%, e o governo reajustou o salário mínimo para R$ 1.518 em 2025. No papel, tudo parece estar indo bem.
— Só que não está.
O comércio agoniza. Lojas vazias, clientes inseguros, empresários retraídos. O consumo real estagnou — porque o brasileiro, mesmo empregado ou recebendo bolsa familia, perdeu poder de compra. E não é percepção isolada: segundo pesquisa da Genial/Quaest, 81% dos brasileiros afirmam que sua capacidade de consumo caiu no último ano. Isso se chama Brasil real.
Enquanto isso, a taxa Selic foi elevada novamente e está em 14,25% ao ano. É a pá de cal no crédito. Com juros assim, o empresário pensa duas vezes antes de tirar o dinheiro do banco. E a classe média pensa dez antes de parcelar algo ou financiar qualquer investimento. Resultado? Uma economia travada, com aparência de crescimento, mas alma de recessão.
E como se não bastasse a desaceleração, temos um ambiente institucional contaminado. O país vive um estado permanente de tensão: um ex-presidente prestes a ser condenado, um Congresso que legisla por emenda e um Executivo que parece cada vez mais acuado e desarticulado. — A insegurança jurídica paira sobre o país como nuvem espessa.
Em paralelo, escândalos de corrupção seguem surgindo como se fossem rotina. O mais recente: uma fraude bilionária no INSS, revelada pela operação “Sem Desconto”, que detectou R$ 6,3 bilhões desviados entre 2019 e 2024 em descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas.
O que vemos, então, é um Brasil dividido, paralisado e decepcionado. Um país que cresce nos indicadores otimistas e desacreditados, mas definha na realidade concreta das ruas.
Que Lula e sua equipe tomem consciência de que governar é mais do que repetir que “está tudo melhorando”. O povo saberá quando melhorar.
E quando o povo sente que está sozinho, o preço político não vem nos gráficos — vem nas urnas.
— Parece que o brasileiro só consegue sorrir quando descobre que tem um feriado — e pode beber até esquecer que está no Brasil.
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.
Comentários (1)
Uma resposta para “Você não está sozinho — 81% dos brasileiros perderam poder de compra, segundo a Quaest. Por Aragão.”
Triste constatação, oremos!!!